14.2.08

Capitulo 1 - Parte 1

Answers And Choices 01/07



Sul de Utah, nas proximidades do Zion National Park.
Após 6 horas de viagem e aproximadamente 14 horas desacordados...


O brilho do horizonte alaranjado produzido pelo cair da tarde, penetrava por entre as frestas do rústico galpão de madeira, na forma de raios esparsos. Um deles, incidindo diretamente no rosto de Klaus Ollendorf, fez com que aos poucos ele recuperasse os primeiros sinais de consciência. A primeira sensação que sentiu ao acordar foi calor, estava realmente quente ali dentro. Em seguida, uma tremenda dor de cabeça que começou apenas como uma pontada e conforme despertava, ela progrediu aos poucos e piorou com a claridade, não permitindo ao menos que ele mantivesse os olhos abertos para averiguar melhor onde estava. Por fim, ao tentar se levantar, uma escruciante dor muscular que se estendia por todo seu corpo se fez presente e tornou o simples movimento de se erguer e sentar-se, num ato hercúleo repleto de dor. Nesses primeiros instantes de sofrimento Klaus desejou perder a consciência outra vez, ele sentia como se uma manada de búfalos o tivesse pisoteado até os cascos sangrarem...

Em meio a abafados gemidos de agonia, o nórdico escorou-se com dificuldade na parede de madeira maciça e lentamente colocou-se de pé. Com as pernas ainda dormentes, dirigiu-se passo a passo para uma das frestas maiores na parede, para tentar saber "aonde raios" ele estava.

Haviam apenas vagas lembranças em sua memória do dia anterior, um show num pequeno bar de estrada, bebidas em excesso, um um mal estar repentino e pra encerrar com chave de ouro, uma briga daquelas "pra ninguém botar defeito comendo solta" no saloon. Pela dor que sentia, Ollendorf imaginou que os caras que o haviam derrubado deveriam ser bem fortes e pelas extensões dos hematomas, sentiu-se grato por ainda estar vivo. Olhando para fora, a primeira coisa que lhe saltou as vistas, foi uma enorme cadeia de montanhas com um tom tão alaranjado ou mais do que o próprio por do sol. Além disso, havia um pequeno rio envolto por uma vegetação não muito densa e um acampamento com alguns "trailers" e cabanas rusticas, de construção semelhante ao galpão que ele se encontrava. Após uma pausa para se recompor, Klaus seguiu penosamente em direção a porta e forçando-a, percebeu que ela parecia estar trancada pelo lado de fora. Ele ensaiou um; "Olá, alguém pode abrir?" Mas seus pulmões estavam o matando de dor, o que o impediu momentâneamente de gritar com mais entusiasmo. Exausto e com todos seus membros latejando, ele sentou-se no banco mais próximo que conseguiu chegar antes de suas pernas fraquejarem e desabou dando um longo suspiro de alívio.


Sem ter o que fazer ou ter para onde ir, Ollendorf passou despreocupadamente os olhos pelo ambiente sem janelas aonde estava confinado. Reparou no canto oposto do cômodo, mais uma cama que parecia estar sendo utilizada. Calmamente ele esfregou as mãos nas vistas, ainda um pouco sensíveis aos feixes de luz e realmente constatou que por debaixo do lençol esfarrapado, havia alguém no mínimo respirando. Então novamente ele reuniu forças e levantou-se apoiando em seus joelhos. Caminhou vagarosamente até a borda da cama e retirou o lençol sem fazer cerimônia. Um jovem atlético, com traços hispânicos, dormia profundamente. Ele não sabia de onde ou porque aquele rapaz lhe parecia familiar. Então com toda a "delicadeza e educação digna de um ogro", ele o sacudiu, afim de desperta-lo em busca de respostas...

Como se acordasse de um pesadelo para outro pior, o primeiro reflexo do latino assustado ao despertar, tendo como ultima lembrança três lobisomens o fazendo perder a consciência, foi pegar o dolorido braço do enorme norueguês e torce-lo, fazendo-o cair de joelhos recitando os mais obscenos palavrões que se pode pronunciar em sua língua natal. Steve passou a agir como se seu instinto de sobrevivência estivesse ligado automáticamente no máximo. Ele aproveitou o momento de fraqueza do gigante loiro e o empurrou contra o chão, tirando-o assim de seu caminho e imediatamente correu em direção a porta, apenas para ser frustrado pouco depois, ao perceber que ela estava devidamente trancada. Ainda sim ele a sacudiu e de todas as maneiras tentou coloca-la abaixo, mas percebeu que não seria tão facil. Impaciente, ele voltou-se para o rapaz caido e erguendo-o pelos colarinhos da camisa, disse imperativamente:

- Aonde está a chave?

O escandinavo de pronto o empurrou e tirou as mãos dele de sua camisa respondendo em tom ríspido:

- EU NÃO SEI

O sul americano levantou-se e deu pois passos para trás controlando a respiração arfante. Observou desconfiado o sofrimento do rapaz e sua dificuldade de se levantar sozinho. Somente após alguns segundos então pode perceber que aquele era o mesmo cara que havia se transformado no bar e não mais um dos seus sequestradores. Após o espanto de ve-lo novamente vivo, ele concluiu que o fato dele estar seriamente machucado realmente não parecia ser fingimento, principalmente depois daquela impiedosa rajada de tiros...

Steve então caminhou novamente para perto dele e lhe estendeu a mão afim de ajuda-lo, Klaus jazia estatelado no chão, gemendo pela dor agora ampliada na queda, tentando levantar-se de uma maneira que lhe causasse menos dor. Estava possesso e inconformado pelo que o rapaz havia feito. Em meio a grunhidos, ele ainda o praguejava com todo repertório de ofensas que possuía em norueguês fluente (e que fique claro que ele não é pequeno) e de cara amarrada aceitou o auxilio questionando em voz alta:

- Você é maluco! Eu "simplesmente" te acordo e ao invés de um costumeiro "bom dia" ou um "que horas são", você tenta quebrar o braço do primeiro cara que vê pela frente, esmurra a porta até sua raiva passar e depois vem com essa pinta de "Madre Tereza" tentando oferecer ajuda? qual é a sua cara?

O jovem latino tentou encontrar uma resposta que justificasse sua atitude impulsiva, mas não a entrontrou facilmente. Ele chegou até a ensaiar um pedido de desculpas, mas antes de articula-lo, sua atenção foi desviada ao perceber uma movimentação do lado de fora do galpão. Enquanto caminhou cautelosamente em direção a porta, ele limitou-se a fazer um sinal com as mãos para que ele falasse mais baixo e respondeu:

- Foi mal cara, eu te confundi com um de nossos sequestradores...

-SEQUESTRADORES? MAIS QUE PORRA DE PAPO É ESSE DE SEQUESTRADORES? TÔ VENDO QUE TÚ TEM ALGUM PARAFUSO SOLTO MESMO... PUTA MERDA, AONDE EU VIM PARAR? POR EU NUNCA ESCUTO BONS CONSELHOS E PARO DE BEBER? rebateu Klaus ainda falando alto, em um tom de deboche e totalmente incrédulo nas afirmações do seu "novo companheiro de quarto" enquanto tentava racionalizar sua situação. Enquanto isso, Steve gesticulava freneticamente para que Ollendorf ficasse quieto enquanto observava uma silhueta do que parecia ser um homem armado vindo em direção a cabana por entre uma das frestas...

- O DOIDERA, NÃO MANDA EU CALAR A BOCA NÃO, ACABO A PALHAÇADA, EU QUERO RAPAR FORA... AONDE É QUE AGENTE TÁ? QUEM É VOCÊ? E O QUE RAIOS AGENTE TA FAZENDO AQUI?


Enquanto Ollendorf fazia sua lista de exigências, Steve viu claramente um homem
grande e corpulento com uma arma em punho, que a longa distancia parecia ser um fuzil, vindo em direção ao galpão. Rapidamente ele pegou a cadeira que estava mais próxima e armou-se para embosca-lo. Ainda através de gestos ele praticamente implorou para que Klaus não fizesse nenhum barulho e o norueguês enfim consentiu contrariado, somente para ver no que aquilo iria dar ou por tentar manter um dialogo com alguem, que ao seu ponto de vista, parecia ter fugido de um manicomio. Não demorou e a tora que barrava a porta foi suspensa. E assim que ela se abriu, conforme o planejado, o sul americano pegou seu alvo de surpresa. ..

O impacto da cadeira se estilhaçando nas costas da vitima pareceu nem surtir efeito. Foi como ter atacado com um travesseiro o homem alto, gordo, de cabelo curto e desgrenhado, vestido com uma camisa marrom, calça camuflada e coturno. Tendo um fuzil de assalto em punho, ele não hesitou em atirar em uma das pernas de Steve, que imediatamente caiu se contorcendo. Sem dizer uma palavra se quer, o estranho armado escancarou a porta com raiva e fez um sinal para que Klaus se levantasse e o seguisse...

- A tá, esse sequestro, balbuciou Klaus para si próprio agora bem convencido, enquanto caminhava mancando e com as mãos para o alto em direção a porta.

O homem corpulento não parecia estar com muita paciência. Sob a mira de uma arma que deveria ser possuida apenas pelas forças armadas, Steve tentou vencer a dor e prossegir escorando-se na parede proxima a saida buscando se levantar, mas antes que conseguisse por si só, ele foi pego pelo colarinho e lançado brutalmente para o lado de fora. Foi a vez de Ollendorf oferecer auxílio (e se a situação não fosse tão perigosa, teria um poetico sorriso estampado em seu rosto durante o processo) e após isso, ambos seguiram contra vontade para a direção em que o homem ordenara, mais uma vez rumo ao desconhecido...



Nota do Autor: Na nota do post 7 do Prólogo, comentei superficialmente sobre os 5 aupícios que representam as cinco faces do Lobo Primordial e indica a responsabilidade e o dever de um urathadentro de sua matilha. Na ocasião, expliquei detalhadamente apenas sobre o Cahalith, poi notei na que seria de grande ajuda na compreensão do texto mais "surreal" até então, repleto de metáforas narrando um grande misto de realidade, vislumbres do mundo espiritual e visões do futuro. Agora que já estamos familiarizados com o visinário e com alguns termos de jogo, vantagens e desvantagens dos urathas, seria interessante para que todos compreendessem melhor todos os auspícios do jogo, para ter sempre uma noção do papel que um personagem terá em sua matilha.

Rahu - O Guerreiro - Lua Cheia (Full Moon)
A Mudança - Quando um Rahu se transforma pela primeira vez, sangue é derramado. A lua cheia queima com fúria, a face de Luna a Destruidora. Muitos Rahu têm de viver com horror de ter o sangue de pessoas que amaram em suas garras, uma lembrança terrível de sua primeira noite como lobisomem.

Renome primário - Pureza
Especialidades - Brawl, Intimidation e Survival.
Lista de Dons - Dominação, Lua Cheia e Força.

Habilidade de auspício - Olho do Guerreiro. Uma vez por sessão de jogo, um Rahu pode tentar "ler" um adversário, determinando quem é o guerreiro superior. Role Wits+Primal Urge; sucesso indica vagamente o poder de combate do alvo, enquanto que um sucesso decisivo informa mais detalhes.

Quota - "É tarde demais. Se ainda houvesse esperança para você, algum de meus amigos estaria aqui, tentado resgatar o que sobrou de sua alma condenada. Mas você não terá meus amigos - você têm a mim. Talvez você devesse fechar os olhos agora. Será mais fácil."

Elodoth - O Juiz do Equilíbrio - Meia Lua (Quarter Moon)
A Mudança - Durante a Mudança, o lobisomem pode perceber que algo em sua volta está errado, e daí pode tentar consertá-lo da melhor forma que puder. Nesse estado confuso, porém, o Elodoth não consegue explicar exatamente o que ele procura consertar ou mesmo porquê. Ele pode quebrar o asfalto e expor terra nua numa tentativa inconsciente de equilibrar as energias da natureza e da humanidade. Ele pode mudar entre a forma humana e lupina repetidamente, até finalmente estacionar na Gauru. Poucos Elodoth conseguem realmente "consertar" algo durante o delírio da Primeira Mudança, mas isto não os impede de tentar - algumas vezes às custas de pessoas desafortunadas o suficiente para estarem próximas na ocasião.

Renome primário - Honra.
Especialidades - Empathy, Investigation e Politics.
Lista de Dons - Meia Lua, Percepção e Proteção.

Habilidade de auspício - Enviado aos Espíritos. Um Elodoth recebe dois dados em qualquer teste de Empathy, Expression, Persuasion ou Politics que seja feito para negociar com espíritos. Não se aplica em testes para ameaçar ou insultar espíritos.

Quota - "Respeite sua presa. Este não é um mero conjunto de palavras. É uma lei escrita em nossos corações animais, formulada em som nas nossas bocas humanas. Nós somos melhores que lobos, porque podemos sobrepujar nossos instintos. Nós somos melhores que humanos, porque não precisamos matar sem necessidade. Então deixe a garota ir, ou vai se ver comigo."

Ithaeur - O Mestre Espiritual - Lua Crescente (Crescent Moon)
A Mudança - Para um Ithaeur, a Primeira Mudança é uma revelação, pois ele toma consciência do mundo espiritual à sua volta. Espíritos presos no mundo material podem ser atraídos a ele ou ele pode ver através da Película e testemunhar a Sombra em primeira mão. Esta pode ser uma experiência assustadora e às vezes letal. Um espírito poderoso pode notá-lo e decidir não deixar seu potencial crescer o suficiente para eventualmente ameaçar seu domínio. As coisas que um Ithaeur vê durante sua Primeira Mudança podem assombrá-lo, mas também lhe dão motivação para seguir seu auspício.

Renome primário - Sabedoria.
Especialidades - Animal Ken, Medicine e Occult.
Lista de Dons - Lua Crescente, Elemental e Moldagem.

Habilidade de auspício - Mestre de Rituais. Ithaeur compram rituais e o mérito Ritual a custo reduzido. Novos pontos do mérito Rituais X 4 em pontos de experiência. Cada ritual novo pode ser adquirido pelo seu nível em pontos de experiência.

Quota - "Não conseguem farejar, conseguem? As ruas sangram aqui, e a ferida está infectada. Temos de ser rápidos. Quebrem as lâmpadas daqueles postes. Precisamos cegar a coisa antes de eu começar."

Irraka - O Caçador - Lua Nova (New Moon)
A Mudança - Um Irraka pode ser imundado por uma fúria assassina, destruindo tudo em seu caminho, ou ele pode ser tomado pelo medo, evitando contato com qualquer um. O único ponto em comum entre os Irraka é que sua Primeira Mudança frequentemente faz aflorar um instinto de se esconder, de se mover em silêncio. O presente de Luna Encoberta é o dom da furtividade, e muitos Irraka o usam instintivamente para se proteger na noite da Mudança.

Renome primário - Esperteza.
Especialidades - Larceny, Stealth e Subterfuge.
Lista de Dons - Evasão, Lua Nova e Furtividade.

Habilidade de auspício - Senso do Rastreador. Como escoltas dos Renegados, os Irraka têm facilidade para reconhecer influência espiritual. Irrakas recebem dois dados nos testes para perceber espíritos efêmeros ou nos testes para determinar a localização de um Locus.

Quota - "Você não achou que era o único de nós na cidade, certo garoto? Parece que você não sabe muito sobre lobisomens, e não têm muito tempo para aprender. Escute. Meus amigos estão na porta."

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