HUNTING GROUNDS: LAS VEGAS

SEJAM BEM VINDOS AO NOSSO TERRITÓRIO, A CIDADE DO PECADO, LAS VEGAS!

LOBISOMEM: OS DESTITUÍDOS

O LOBO DEVE CAÇAR... TUDO QUE VOCÊ PRECISA SABER PARA COMEÇAR SUA CAMPANHA.

CAPITULO 1: ANSWERS AND CHOICES

ACOMPANHE A TRAGETÓRIA DE ORIGEM DE UMA DAS MAIORES ALCATEIAS DE VEGAS.

PRÓLOGO: ONCE UPON A TIME IN NEW MEXICO!

O PASSADO, O LADO HUMANO, A VIDA ANTES DA PRIMEIRA TRANSFORMAÇÃO!

THE STORMRIDERS: OS CAVALEIROS DA TEMPESTADE

STEVE, KLAUS, RAY, MIKE, CARMEM, PHANTOM, CONHEÇA OS INTEGRANTES DE NOSSA ALCATÉIA.

21.2.08

Capitulo 1 - Parte 2

Answers And Choices 02/07



Confusos, feridos e sob a mira de uma arma de grosso calibre. Assim caminhavam Steve e Klaus, rumo a um destino incerto. A tarde caia e um tom púrpura passava a dominar os céus. O dia se despedia atrás das enormes montanhas, enquanto aos poucos a lua ascendia trazendo a escuridão do anoitecer. Ao longe, ambos puderam notar as luzes dos primeiros lampiões do grande acampamento começando a serem acesas. A primeira vista, tudo parecia quieto e normal naquele lugar, mas repentinamente tudo mudou quando o primeiro habitante local os avistou se aproximando dali...
Imediatamente um pequeno tumulto se iniciou. Pessoas com trajes simples, de aparência abatida e covarde, passaram a correr freneticamente em busca de abrigo, pegavam itens de necessidade as pressas e arrastavam os filhos pequenos para dentro das cabanas, como se um furacão estivesse prestes a passar pela região. Um clima de tensão extrema dominou o ambiente. Por onde quer que passassem os três, portas eram fechadas, o caminho ficava deserto e nada se ouvia a não ser murmúrios de preces e o choro das crianças sendo abafado pelos pais. Klaus chegou a gritar pedindo por socorro, deixou claro que estava sendo levado contra a sua vontade e implorou para que chamassem as autoridades, mas não ouve uma reação sequer por parte deles...
O homem com o fuzil na mão nem mesmo repreendeu o nórdico pela atitude, apenas sorriu sarcásticamente e deixou que o rapaz percebesse por si só a amarga realidade de que os moradores nada poderiam fazer para salva-los, e que a partir dali, nada nem ninguém poderia livra-los do inevitável destino que lhes estava reservado, seja ele qual fosse. Steve não ficou tão inconformado como Klaus ao ver o consentimento covarde das pessoas que não se mobilizavam após tantos apelos. O sul americano já havia passado por maus bocados no seu primeiro cativeiro e tentava apenas manter sua mente focada nos detalhes que poderiam realmente ajudar ambos a sair daquela situação. De certa forma ele até previa esse tipo de comportamento, bastava encarar mais atentamente os olhares assustados e carregados de medo por entre as frestas das portas, era clara a impressão de que embora as pessoas ali estivessem aparentemente "livres", irônicamente pareciam estar tão cativas quanto eles.
Enquanto o nórdico dava seu show, xingando e amaldiçoando aqueles "covardes inúteis", o latino apenas seguia buscando decorar o caminho, a posição das cabanas, lugares onde pudesse se esconder e coisas do tipo para uma eventual fuga. Além disso, nada restou-lhe a fazer a não ser continuar caminhando para a que pareceria ser a maior e melhor construída de todas as cabanas daquele acampamento, onde certamente ele encontrariam todas as respostas que tanto almejava...

Ao chegarem diante da entrada, Steve parou e hesitou prosseguir, ao ver que ali dentro, no final da sala próxima a porta que dava para o cômodo seguinte, estava a índia que segundo sua concepção, o havia colocado dentro daquele infindável pesadelo. O homem silencioso que os escoltava, demonstrando ter perdido toda a curta paciência que possuía durante o percurso, de pronto desferiu um golpe com o cano do fuzil em suas costelas, empurrando-o a força para dentro do recinto, fazendo-o lembrar mais uma vez quem é que estava no comando da situação por ali...
Exatamente pela mesma porta que a mulher havia entrado, eles foram escoltados. A cabana tinha um ar semelhante a de uma casa de caça nas montanhas e o aposento que se encontravam agora, parecia ser um sala de jantar agregada a uma cozinha com um forno a lenha ao fundo. Uma enorme mesa de madeira nobre estava ao centro repleta pelos mais variados pratos de comida cuja o aroma fazia seus estômagos praticamente berrarem de tanta fome. Metade do que estava sendo servido naquela refeição certamente já poderia deixar o simples status de "fora dos padrões da normalidade" e assumir imediatamente o de "estandarte em nome da fartura"; Leitão com batatas, perú ao molho curry, Carneiro ao molho madeira, ovos mexidos, bacon, entre varias outras iguarias que preenchiam completamente o móvel de aproximadamente três metros por um e meio.
O fato mais estranho ali certamente não era a quantidade de alimentos e sim o de que apenas um homem estava se deliciando com o banquete, enquanto a indígena, um homem branco, forte e careca e outro rapaz de estatura mediana e traços asiáticos (muito parecido com o que havia atirado em Steve no "El Rancho" por sinal) que ja estavam na sala, embora parecessem estar com muita fome, apenas permaneciam em volta da mesa com o olhar vago, perdido pelo chão. Não era necessario muito "QI" para deduzir que o homem que se fartava solitáriamente, de certo era o "líder da gangue". Ele tinha o porte, os traços e a vestimenta de um típico fuzileiro do exército americano. Pele branca queimada pelo sol, cabelos bem ao estilo militar e um colete das forças armadas com algumas granadas penduradas. Ele parecia nem se importar com a presença de todos a sua volta. Sem o menor peso na consciência ou senso de coletividade, as partes nobres da carne, do perú e carneiro, além do melhor do que estava na mesa ele retirava e colocava em seu prato ou próximo a ele. Por vários minutos nenhuma palavra foi dita, Steve e Klaus permaneceram ali, de pé, famintos, sujos, cansados, apenas observando tensos ainda sem saber o que estava por vir. O silencio do recinto foi quebrado uma única vez, apenas por alguns instantes, pelo enorme ronco vindo do estômago do gordo com o fuzil na mão, que mal soube como esconder sua vergonha quando recebeu o olhar frio e carregado de condenação do fuzileiro, que em seguida voltou sua atenção para mesa e só tornou a olhar para todos novamente quando terminou de comer tudo que havia separado para si. Só então ele puxou uma cadeira a seu lado e com um sinal com a mão direita convidou o homem que escoltara os jovens até ali:

- Sirva-se Grunt disse o homem... e com um sorriso discreto, ele rapidamente atendeu. Passou o fuzil para o careca e sentou-se ao lado do líder comento o que ainda havia sobrado de bom na mesa. Partes não tão nobres da carne, um pouco do que restou do peito e uma coxa já mordida do perú e praticamente todo bacon. Um a um era convidado a sentar-se a mesa após que o último a se sentar sentia-se satisfeito. O careca, o asiático e por fim, quando restavam apenas os restos de carne, os ossos da ave e batatas, a índia foi chamada para sentar-se e alimentou-se como pode com as sobras.

Apenas então o fuzileiro dirigiu a palavra aos garotos:

- Vou ser direto com vocês, meu nome é Honcho, eu sou um uratha, um lobisomem na linguagem popular, um filho de Urfarah, assim como vocês dois. Eu sou o alfa desta matilha. Por toda a extenção das Rochosas e além delas, somos conhecidos como os "Red Knives". Este é Grunt, disse apontando para o gordo, aquele é Snap, mostrando o careca com porte físico considerável, Ranger, o ressabiado oriental e por fim Phantom, a garota com traços indígenas... Em breve vocês também farão parte de nossa matilha, sintam-se honrados e façam por merecer essa chance. Amanhã logo pela manhã, realizaremos o ritual de invocação para que o "lobo rastreador" nosso totem, prove o valor de vocês e os aceite como patrono, para que possamos enfim te-los como membros efetivos dentro de nosso território...

Klaus abismado, contento os risos, interrompeu imediatamente dizendo: - Calma ai camarada, que historia é essa de matilha e membros efetivos? Eu não pretendo ficar mais nem um minuto aqui por vontade própria, se isso for um sequestro "Sr Manda-Chuva", pega o telefone agora e faz seu preço, mais eu quero sair daqui o quanto antes entendeu? Eu tenho uma carreira pela frente e não tenho tempo a perder pra brincar de "Mogli o menino lobo e seus amigos". Se o seu problema é companhia, tenta o "myspaces", "disk sexo", um psiquiatra ou quem sabe se tudo falhar, suicidido... é serio brother, outro conselho seria talvez se depois do seu "tapinha na pantera", quando bate aquela "larica" lascada antes de tomar seu "gardenal", você deixasse de bancar o idiota sem noção que come mais do que os olhos enquanto as visitas passam vontade, quem sabe talvez você tivesse mais do que esses quatro paspalhos como amigos se voce tivesse um pingo de educação..."Urvatas", hahahahaha, essa foi ótima, eu já entendi tudo ok? Eu é que não vou cair nessa maluquice sua, não vou mesmo, aliás, onde é que estão as câmeras, isso só pode ser uma brincadeira, "okay, okay", vocês me pegaram, eu admito... O tiro na perna do garotão ali realmente pareceu de verdade e quase eu me caguei nas calças, juro pra você, agora será que dava pra me soltar? Tipo, com todo respeito, eu nunca ouvi falar desse tal "Urfafa", meu pai se chama Hans brother e eu sinto muito, mais muito mesmo em te desapontar com a noticia que não sou lobisomem cara, pode acreditar, algumas mulheres até falam que eu sou um cachorro, mais acho que pra vocês isso não serve né?

Steve abaixou a cabeça e a balançou negativamente enquanto Ollendorf ainda sorria esperando algum sorriso de aprovação. Pelo olhar, Honcho levantou-se disposto a mata-lo pela insolência. Puxou uma faca que deixaria o próprio Rambo com inveja e a colocou na garganta do norueguês por alguns instantes. Não, o fuzileiro não estava se contendo, apenas parou para pensar melhor no que ele iria fazer com o engraçadinho. O clima ficou extremamente tenso e nem os próprios membros da matilha conseguiram esconder o olhar assustado ou prever o que poderia acontecer a partir de então...
Com um impiedoso golpe horizontal, o alfa da matilha lascerou a carne do rosto do europeu, abrindo-lhe literalmente um sorriso de orelha a orelha. A trajetória da lâmina fez o sangue respingar no latino, que negou-se a observar o que poderia vir em seguida. Ainda insatisfeito e cheio de raiva, Honcho furiosamente gravou a lâmina no meio do peito de Klaus e desceu violentamente até a altura do umbigo, quase deixando seus intestinos caírem pelo chão. Enquanto nem mesmo seus comparsas conseguiam esconder a perplexidade, ele agachou e com um ar psicopata olhou nos olhos carregados de pânico do norueguês e disse:
- Eu vou continuar a minha historia, e dessa vez, eu não vou querer interrupções...
Nota do Autor: Os vizinhos humanos desta matilha imaginam que eles sejam uma seita de "sobreviventes apocalípticos". Na verdade, os Adagas Vermelhas não acreditam em nenhum apocalipse, mas não se importam de serem chamados de sobreviventes. Os Adagas e suas famílias vivem da terra, caçando e cultivando sua própria comida. E então, nas noites em que a lua brilha, os Adagas Vermelhas deixam sua terra, caçando um tipo diferente de presa. eles levam a sério seus deveres espirituais, de um modo que só os Garras Sangrentas (Blood Talons) são capazes. Seja um urso possuído próximo demais de suas fronteiras ou um acampamento que não apagou sua fogueira apropriadamente, os Adagas Vermelhas protegem seu território agressivamente. Ocasionalmente, uma caçada os afasta de seu lar para partes diferentes do mundo. Eles planejam todas as suas missões com eficiência militar. Toda a matilha, mesmo aqueles que nunca prestaram serviço militar, usam com frequência gírias militares em suas conversas.



HONCHOO alfa dos Red Knives, era um valoroso fuzileiro naval antes de conhecer seu verdadeiro destino. Durante anos, serviu com orgulho o exercito dos Estados Unidos. Na função de seu dever, por diversas vezes arriscou a própria vida pelo bem de sua pátria. Devido sua grande eficácia e coragem, ele constantemente era designado para a linha de frente do combate, o que o credenciou para algo maior, uma missão considerada até hoje "não oficial" pelo alto escalão do exercito. Honcho foi enviado em uma cruzada contra as drogas em plena selva Colombiana. Lá em meio ao fogo cruzado, Honcho perdeu todos os seus homens e viu a morte bem de perto ao também ser violentamente alvejado pelo inimigo. Mais ao contrario deles, Honcho se levantou novamente só que na forma de uma maquina de combate gloriosa a qual sempre sonhou em se tornar ao sofrer sua primeira transformação. Quando recuperou novamente a consciência, ele estava em volto a um rio de sangue e uma pilha de restos humanos. Secretamente ele foi trazido de volta e liberado sem nenhuma conseqüência, claro que se a missão "realmente tivesse acontecido oficialmente" ele de certo ainda estaria enfrentando a corte marcial.

Na forma humana Honcho não pode ser confundido com outra coisa a não ser um soldado. Os ombros largos, o corte de cabelo, a postura tornam a associação obvia a primeira vista.
PHANTOM
Lara "Phantom" Garcia é a "expert" em infiltração do time. Enquanto Ranger cuida do trabalho furtivo nas matas, Lara caça nas cidades. Lara é filha de uma família descendente de índios Navajo de classe média, proprietária de um pequeno hotel turístico no Novo México. Sua família trabalha duro no negócio, mas mesmo assim não tinham recursos o suficiente para mandar todos seus irmãos e irmãs para a faculdade. Sendo assim, todos tiveram de servir o exército. Lara foi uma das primeira mulheres a participar de treinamentos de combate para ambos os sexos,mas foi incapaz de servir nas linhas de frente, o que a fez pedir baixa. Após a dispensa, algo nela estava mudado, ela perdeu seu horizonte e mergulhou numa espiral de bebida e violência, pois não conseguia mais se adaptar à vida civil. Então, numa briga de bar em Laramie, tudo foi explicado.

Phantom tem uma estarura mediana para uma mulher, mas completamente em forma e musculosa. Seu cabelo é mantido bem curto como de um homem a mando de Honcho. Como o resto de sua matilha, ela mantem uma postura militar que a vida civil (e de lobisomem) parece não poder mais apagar.

GRUNT
Muitos urathas pensam que Grunt é mudo, mas ele simplesmente não fala muito. Grunt não discute seu passado, mesmo que a rede de cicatrizes em seu corpo sugira que sua vida antes da Mudança fosse menos que pastoral. Grunt era o que muitos chamariam de um soldado perfeito. Ele é temerário e obedece sem questionar. Alguns imaginam se há algo que ele não faria se Honcho lhe pedisse. Outros estremecem por saber que não há.

Ele é o artilheiro da matilha, e só fala quando apresenta o seu mais novo explosivo ou armadilha. Grunt é grande, corpulento. Suas mãos enormes são capazes de surpreendente destreza e precisão.

RANGER
Apesar de Ranger não ter prestado serviço militar, ele considera a estrita hierarquia militar reconfortante para sua natureza lupina. O papel dele na matilha é o de escolta. muitas das batalhas da matilha começam com Ranger surgindo da escuridão para rasgar a garganta de um patrulheiro antes que ele possa soar o alarme.

Ranger é chino-americano, mas ele prefere sua foram urhan, um lobo cinza esguio. Seus companheiros sabem seu nome humano, mas também sabem que nunca devem usá-lo. Ele se recusa veementemente a falar de sua vida anterior à mudança, pois "aquela pessoa era humana, mas eu não sou".

SNAP
Snap recebeu este nome por causa de seu som favorito, que é o de ossos quebrando. Ele é o especialista em combate corpo-a-corpo do time, e às vezes arrogante o suficiente para começar uma batalha na forma hishu. Se receber um golpe sólido, ele muda para outra forma mais razoável e pára de brincar com o seu oponente. Snap, como ou outros membros da matilha, usa roupas militares com uma insígnia de uma grande mão segurando uma faca que pinga sangue.

Ele têm mais de 1,80 m e ombros largos. sua pele é clara e ele raspa todo o cabelo na forma hishu



TOTEM: Lobo Rastreador
Poder 4 Finesse 2 Resistência 3
Vontade 7
Essência 15
Iniciativa 5
Defesa 4
Velocidade 13 (base7)
Tamanho 4
Corpus 7
Influência: floresta1 caça1
Númina: visão material, sentidos selvagens
Bônus: investigação1 (dado) especialidade-sobrevivência caçar (dado)
Voto: Membros precisam realizar uma caçada ritual uma vez por mês, usando apenas as habilidades da forma urhan.

14.2.08

Capitulo 1 - Parte 1

Answers And Choices 01/07



Sul de Utah, nas proximidades do Zion National Park.
Após 6 horas de viagem e aproximadamente 14 horas desacordados...


O brilho do horizonte alaranjado produzido pelo cair da tarde, penetrava por entre as frestas do rústico galpão de madeira, na forma de raios esparsos. Um deles, incidindo diretamente no rosto de Klaus Ollendorf, fez com que aos poucos ele recuperasse os primeiros sinais de consciência. A primeira sensação que sentiu ao acordar foi calor, estava realmente quente ali dentro. Em seguida, uma tremenda dor de cabeça que começou apenas como uma pontada e conforme despertava, ela progrediu aos poucos e piorou com a claridade, não permitindo ao menos que ele mantivesse os olhos abertos para averiguar melhor onde estava. Por fim, ao tentar se levantar, uma escruciante dor muscular que se estendia por todo seu corpo se fez presente e tornou o simples movimento de se erguer e sentar-se, num ato hercúleo repleto de dor. Nesses primeiros instantes de sofrimento Klaus desejou perder a consciência outra vez, ele sentia como se uma manada de búfalos o tivesse pisoteado até os cascos sangrarem...

Em meio a abafados gemidos de agonia, o nórdico escorou-se com dificuldade na parede de madeira maciça e lentamente colocou-se de pé. Com as pernas ainda dormentes, dirigiu-se passo a passo para uma das frestas maiores na parede, para tentar saber "aonde raios" ele estava.

Haviam apenas vagas lembranças em sua memória do dia anterior, um show num pequeno bar de estrada, bebidas em excesso, um um mal estar repentino e pra encerrar com chave de ouro, uma briga daquelas "pra ninguém botar defeito comendo solta" no saloon. Pela dor que sentia, Ollendorf imaginou que os caras que o haviam derrubado deveriam ser bem fortes e pelas extensões dos hematomas, sentiu-se grato por ainda estar vivo. Olhando para fora, a primeira coisa que lhe saltou as vistas, foi uma enorme cadeia de montanhas com um tom tão alaranjado ou mais do que o próprio por do sol. Além disso, havia um pequeno rio envolto por uma vegetação não muito densa e um acampamento com alguns "trailers" e cabanas rusticas, de construção semelhante ao galpão que ele se encontrava. Após uma pausa para se recompor, Klaus seguiu penosamente em direção a porta e forçando-a, percebeu que ela parecia estar trancada pelo lado de fora. Ele ensaiou um; "Olá, alguém pode abrir?" Mas seus pulmões estavam o matando de dor, o que o impediu momentâneamente de gritar com mais entusiasmo. Exausto e com todos seus membros latejando, ele sentou-se no banco mais próximo que conseguiu chegar antes de suas pernas fraquejarem e desabou dando um longo suspiro de alívio.


Sem ter o que fazer ou ter para onde ir, Ollendorf passou despreocupadamente os olhos pelo ambiente sem janelas aonde estava confinado. Reparou no canto oposto do cômodo, mais uma cama que parecia estar sendo utilizada. Calmamente ele esfregou as mãos nas vistas, ainda um pouco sensíveis aos feixes de luz e realmente constatou que por debaixo do lençol esfarrapado, havia alguém no mínimo respirando. Então novamente ele reuniu forças e levantou-se apoiando em seus joelhos. Caminhou vagarosamente até a borda da cama e retirou o lençol sem fazer cerimônia. Um jovem atlético, com traços hispânicos, dormia profundamente. Ele não sabia de onde ou porque aquele rapaz lhe parecia familiar. Então com toda a "delicadeza e educação digna de um ogro", ele o sacudiu, afim de desperta-lo em busca de respostas...

Como se acordasse de um pesadelo para outro pior, o primeiro reflexo do latino assustado ao despertar, tendo como ultima lembrança três lobisomens o fazendo perder a consciência, foi pegar o dolorido braço do enorme norueguês e torce-lo, fazendo-o cair de joelhos recitando os mais obscenos palavrões que se pode pronunciar em sua língua natal. Steve passou a agir como se seu instinto de sobrevivência estivesse ligado automáticamente no máximo. Ele aproveitou o momento de fraqueza do gigante loiro e o empurrou contra o chão, tirando-o assim de seu caminho e imediatamente correu em direção a porta, apenas para ser frustrado pouco depois, ao perceber que ela estava devidamente trancada. Ainda sim ele a sacudiu e de todas as maneiras tentou coloca-la abaixo, mas percebeu que não seria tão facil. Impaciente, ele voltou-se para o rapaz caido e erguendo-o pelos colarinhos da camisa, disse imperativamente:

- Aonde está a chave?

O escandinavo de pronto o empurrou e tirou as mãos dele de sua camisa respondendo em tom ríspido:

- EU NÃO SEI

O sul americano levantou-se e deu pois passos para trás controlando a respiração arfante. Observou desconfiado o sofrimento do rapaz e sua dificuldade de se levantar sozinho. Somente após alguns segundos então pode perceber que aquele era o mesmo cara que havia se transformado no bar e não mais um dos seus sequestradores. Após o espanto de ve-lo novamente vivo, ele concluiu que o fato dele estar seriamente machucado realmente não parecia ser fingimento, principalmente depois daquela impiedosa rajada de tiros...

Steve então caminhou novamente para perto dele e lhe estendeu a mão afim de ajuda-lo, Klaus jazia estatelado no chão, gemendo pela dor agora ampliada na queda, tentando levantar-se de uma maneira que lhe causasse menos dor. Estava possesso e inconformado pelo que o rapaz havia feito. Em meio a grunhidos, ele ainda o praguejava com todo repertório de ofensas que possuía em norueguês fluente (e que fique claro que ele não é pequeno) e de cara amarrada aceitou o auxilio questionando em voz alta:

- Você é maluco! Eu "simplesmente" te acordo e ao invés de um costumeiro "bom dia" ou um "que horas são", você tenta quebrar o braço do primeiro cara que vê pela frente, esmurra a porta até sua raiva passar e depois vem com essa pinta de "Madre Tereza" tentando oferecer ajuda? qual é a sua cara?

O jovem latino tentou encontrar uma resposta que justificasse sua atitude impulsiva, mas não a entrontrou facilmente. Ele chegou até a ensaiar um pedido de desculpas, mas antes de articula-lo, sua atenção foi desviada ao perceber uma movimentação do lado de fora do galpão. Enquanto caminhou cautelosamente em direção a porta, ele limitou-se a fazer um sinal com as mãos para que ele falasse mais baixo e respondeu:

- Foi mal cara, eu te confundi com um de nossos sequestradores...

-SEQUESTRADORES? MAIS QUE PORRA DE PAPO É ESSE DE SEQUESTRADORES? TÔ VENDO QUE TÚ TEM ALGUM PARAFUSO SOLTO MESMO... PUTA MERDA, AONDE EU VIM PARAR? POR EU NUNCA ESCUTO BONS CONSELHOS E PARO DE BEBER? rebateu Klaus ainda falando alto, em um tom de deboche e totalmente incrédulo nas afirmações do seu "novo companheiro de quarto" enquanto tentava racionalizar sua situação. Enquanto isso, Steve gesticulava freneticamente para que Ollendorf ficasse quieto enquanto observava uma silhueta do que parecia ser um homem armado vindo em direção a cabana por entre uma das frestas...

- O DOIDERA, NÃO MANDA EU CALAR A BOCA NÃO, ACABO A PALHAÇADA, EU QUERO RAPAR FORA... AONDE É QUE AGENTE TÁ? QUEM É VOCÊ? E O QUE RAIOS AGENTE TA FAZENDO AQUI?


Enquanto Ollendorf fazia sua lista de exigências, Steve viu claramente um homem
grande e corpulento com uma arma em punho, que a longa distancia parecia ser um fuzil, vindo em direção ao galpão. Rapidamente ele pegou a cadeira que estava mais próxima e armou-se para embosca-lo. Ainda através de gestos ele praticamente implorou para que Klaus não fizesse nenhum barulho e o norueguês enfim consentiu contrariado, somente para ver no que aquilo iria dar ou por tentar manter um dialogo com alguem, que ao seu ponto de vista, parecia ter fugido de um manicomio. Não demorou e a tora que barrava a porta foi suspensa. E assim que ela se abriu, conforme o planejado, o sul americano pegou seu alvo de surpresa. ..

O impacto da cadeira se estilhaçando nas costas da vitima pareceu nem surtir efeito. Foi como ter atacado com um travesseiro o homem alto, gordo, de cabelo curto e desgrenhado, vestido com uma camisa marrom, calça camuflada e coturno. Tendo um fuzil de assalto em punho, ele não hesitou em atirar em uma das pernas de Steve, que imediatamente caiu se contorcendo. Sem dizer uma palavra se quer, o estranho armado escancarou a porta com raiva e fez um sinal para que Klaus se levantasse e o seguisse...

- A tá, esse sequestro, balbuciou Klaus para si próprio agora bem convencido, enquanto caminhava mancando e com as mãos para o alto em direção a porta.

O homem corpulento não parecia estar com muita paciência. Sob a mira de uma arma que deveria ser possuida apenas pelas forças armadas, Steve tentou vencer a dor e prossegir escorando-se na parede proxima a saida buscando se levantar, mas antes que conseguisse por si só, ele foi pego pelo colarinho e lançado brutalmente para o lado de fora. Foi a vez de Ollendorf oferecer auxílio (e se a situação não fosse tão perigosa, teria um poetico sorriso estampado em seu rosto durante o processo) e após isso, ambos seguiram contra vontade para a direção em que o homem ordenara, mais uma vez rumo ao desconhecido...



Nota do Autor: Na nota do post 7 do Prólogo, comentei superficialmente sobre os 5 aupícios que representam as cinco faces do Lobo Primordial e indica a responsabilidade e o dever de um urathadentro de sua matilha. Na ocasião, expliquei detalhadamente apenas sobre o Cahalith, poi notei na que seria de grande ajuda na compreensão do texto mais "surreal" até então, repleto de metáforas narrando um grande misto de realidade, vislumbres do mundo espiritual e visões do futuro. Agora que já estamos familiarizados com o visinário e com alguns termos de jogo, vantagens e desvantagens dos urathas, seria interessante para que todos compreendessem melhor todos os auspícios do jogo, para ter sempre uma noção do papel que um personagem terá em sua matilha.

Rahu - O Guerreiro - Lua Cheia (Full Moon)
A Mudança - Quando um Rahu se transforma pela primeira vez, sangue é derramado. A lua cheia queima com fúria, a face de Luna a Destruidora. Muitos Rahu têm de viver com horror de ter o sangue de pessoas que amaram em suas garras, uma lembrança terrível de sua primeira noite como lobisomem.

Renome primário - Pureza
Especialidades - Brawl, Intimidation e Survival.
Lista de Dons - Dominação, Lua Cheia e Força.

Habilidade de auspício - Olho do Guerreiro. Uma vez por sessão de jogo, um Rahu pode tentar "ler" um adversário, determinando quem é o guerreiro superior. Role Wits+Primal Urge; sucesso indica vagamente o poder de combate do alvo, enquanto que um sucesso decisivo informa mais detalhes.

Quota - "É tarde demais. Se ainda houvesse esperança para você, algum de meus amigos estaria aqui, tentado resgatar o que sobrou de sua alma condenada. Mas você não terá meus amigos - você têm a mim. Talvez você devesse fechar os olhos agora. Será mais fácil."

Elodoth - O Juiz do Equilíbrio - Meia Lua (Quarter Moon)
A Mudança - Durante a Mudança, o lobisomem pode perceber que algo em sua volta está errado, e daí pode tentar consertá-lo da melhor forma que puder. Nesse estado confuso, porém, o Elodoth não consegue explicar exatamente o que ele procura consertar ou mesmo porquê. Ele pode quebrar o asfalto e expor terra nua numa tentativa inconsciente de equilibrar as energias da natureza e da humanidade. Ele pode mudar entre a forma humana e lupina repetidamente, até finalmente estacionar na Gauru. Poucos Elodoth conseguem realmente "consertar" algo durante o delírio da Primeira Mudança, mas isto não os impede de tentar - algumas vezes às custas de pessoas desafortunadas o suficiente para estarem próximas na ocasião.

Renome primário - Honra.
Especialidades - Empathy, Investigation e Politics.
Lista de Dons - Meia Lua, Percepção e Proteção.

Habilidade de auspício - Enviado aos Espíritos. Um Elodoth recebe dois dados em qualquer teste de Empathy, Expression, Persuasion ou Politics que seja feito para negociar com espíritos. Não se aplica em testes para ameaçar ou insultar espíritos.

Quota - "Respeite sua presa. Este não é um mero conjunto de palavras. É uma lei escrita em nossos corações animais, formulada em som nas nossas bocas humanas. Nós somos melhores que lobos, porque podemos sobrepujar nossos instintos. Nós somos melhores que humanos, porque não precisamos matar sem necessidade. Então deixe a garota ir, ou vai se ver comigo."

Ithaeur - O Mestre Espiritual - Lua Crescente (Crescent Moon)
A Mudança - Para um Ithaeur, a Primeira Mudança é uma revelação, pois ele toma consciência do mundo espiritual à sua volta. Espíritos presos no mundo material podem ser atraídos a ele ou ele pode ver através da Película e testemunhar a Sombra em primeira mão. Esta pode ser uma experiência assustadora e às vezes letal. Um espírito poderoso pode notá-lo e decidir não deixar seu potencial crescer o suficiente para eventualmente ameaçar seu domínio. As coisas que um Ithaeur vê durante sua Primeira Mudança podem assombrá-lo, mas também lhe dão motivação para seguir seu auspício.

Renome primário - Sabedoria.
Especialidades - Animal Ken, Medicine e Occult.
Lista de Dons - Lua Crescente, Elemental e Moldagem.

Habilidade de auspício - Mestre de Rituais. Ithaeur compram rituais e o mérito Ritual a custo reduzido. Novos pontos do mérito Rituais X 4 em pontos de experiência. Cada ritual novo pode ser adquirido pelo seu nível em pontos de experiência.

Quota - "Não conseguem farejar, conseguem? As ruas sangram aqui, e a ferida está infectada. Temos de ser rápidos. Quebrem as lâmpadas daqueles postes. Precisamos cegar a coisa antes de eu começar."

Irraka - O Caçador - Lua Nova (New Moon)
A Mudança - Um Irraka pode ser imundado por uma fúria assassina, destruindo tudo em seu caminho, ou ele pode ser tomado pelo medo, evitando contato com qualquer um. O único ponto em comum entre os Irraka é que sua Primeira Mudança frequentemente faz aflorar um instinto de se esconder, de se mover em silêncio. O presente de Luna Encoberta é o dom da furtividade, e muitos Irraka o usam instintivamente para se proteger na noite da Mudança.

Renome primário - Esperteza.
Especialidades - Larceny, Stealth e Subterfuge.
Lista de Dons - Evasão, Lua Nova e Furtividade.

Habilidade de auspício - Senso do Rastreador. Como escoltas dos Renegados, os Irraka têm facilidade para reconhecer influência espiritual. Irrakas recebem dois dados nos testes para perceber espíritos efêmeros ou nos testes para determinar a localização de um Locus.

Quota - "Você não achou que era o único de nós na cidade, certo garoto? Parece que você não sabe muito sobre lobisomens, e não têm muito tempo para aprender. Escute. Meus amigos estão na porta."

28.1.08

Prólogo - Parte 10 - Final

Once Upon a Time in New Mexico 10/10




Com um forte chute a porta lateral veio a baixo. O som das dobradiças se rompendo e da madeira rústica tocando o solo, propagou-se pela sala assim como a corrente de vento que invadiu o ambiente. A nuvem de gás que preenchia o recinto parecia ter sido rasgada ao meio, dando lugar a um corredor de ar puro. Pego de surpresa, Steve teve tempo apenas de colocar o corpo inerte de Ollendorf novamente no chão e posicionar-se com a espingarda em riste em um lugar relativamente privilegiado atrás do balcão. O vulto de apenas um invasor apareceu sob a luz pálida da lua, a silhueta inconfundívelmente feminina, de cabelos extremamente curtos e estatura baixa, cruzou o salão com passos firmes em direção a janela quebrada. Para sua surpresa do rapaz, não era a policia que havia chegado ali, era algo muito pior...

A mulher parou por alguns instantes diante dos estilhaços de vidro procurando provavelmente o corpo inerte de seu alvo e ao não encontra-lo, sorriu sarcásticamente dizendo:


-Poderíamos brincar de "esconde esconde" a madrugada inteira, mas em poucos minutos a policia deve estar aqui... Então vamos facilitar as coisas para nós dois, vamos pular a parte dos "porques", do engalfinhamento e outros tipos de dilacerações e vamos sair daqui numa boa... Assim evitamos ferimentos desnecessários e todos ficamos felizes e satisfeitos, o que me diz?

A resposta de Steve foi uma bala bem colocada na testa da desgraçada.

Ele lembrava bem dela. A alguns dias atrás, antes de todo esse pesadelo começar. Baixa, bonita, traços indígenas, provavelmente da tribo navajo. Cabelos negros bem curtos, corpo bem definido e olhar desafiador. No inicio ele achou que ela "tava dando mole", mas ele também cogitou a hipótese de que talvez fosse apenas o excesso de confiança que o álcool produz lhe pregando uma peça. O fato era que o tempo passava e ela não tirava os olhos dele. A casa noturna estava fervendo naquela noite e desde que ele havia notado o "possível interesse" da garota, ela já tinha dispensado uns quatro rapazes de aparência considerável que tentaram alguma aproximação. Steve conversava e trocava sorrisos com outras duas garotas do seu grupo de mochileiros, mas como qualquer homem solteiro que se preze, mesmo assim ele ainda conseguia se questionar se valia a pena trocar o papo que estava dando certo, pelo risco de ser o quinto a levar um não da mulher misteriosa da mesa do canto. Havia algo no olhar dela que realmente instigava sua curiosidade e do jeito que as coisas estavam indo, ele sentia que destino parecia sorrir para ele naquela noite. Aquelas garotas iriam mesmo viajar com ele e o grupo de turistas por mais alguns dias, então ao seu entender, não faltariam oportunidades para "algo a três" até o fim de sua viagem. Já a pequena índia, ele poderia não ter o prazer de vê-la novamente. Foi ai que ele percebeu que não se perdoaria se permitisse que ela fosse embora sem pelo menos tentar trocar algumas palavras. Steve educadamente pediu licença para as simpáticas garotas dizendo que iria pegar uma bebida e assim o fez. Aproveitou " a viagem" para completar a coragem que faltava com uma dose de tequila. Acertou os botões e a gola de sua camiseta e enfim foi em direção a intrigante "Pocahontas Dark".


Com um sorriso discreto e dois drinks nas mãos ele seguiu para a mesa da garota, mas parecia ser tarde demais. Haviam três rapazes cercando a mesa de canto, mas ao contrário do que ele imaginou a princípio, ela pareceu incomodada pela presença deles e rapidamente levantou-se com um ar transtornado no rosto. Pelas feições fechadas que se seguiram, os rapazes passaram a falar mais ríspidamente com a garota e o maior deles visivelmente alterado, chegou a segurar um de seus pulsos. Imediatamente Steve partiu para tomar partido da situação. Alheio os seu destino, o sul americano apenas imaginou ser um rapaz que não aceitou bem o desprezo de uma bela garota e antes que ele pudesse se aproximar o suficiente para intervir, ela por si só conseguiu se desvencilhar e correu para o lado de fora.
Como qualquer rapaz de bem que testemunhasse tal incidente, ele a seguiu para ver se estava tudo certo ou se ela precisava de alguma ajuda. A moça estava curvada e ofegante escorada em um Chevelle 69 azul. Calmamente Steve se aproximou para tentar "consola-la", mas ao colocar delicadamente a mão em seu ombro ao invéz de um rosto abatido, coberto de lágrimas, ele se deparou com feições semi humanas, com dentes afiados e nítidos traços lupinos. Nesse mesmo instante a porta da casa noturna se abriu e os três rapazes correram em sua direção. Antes de qualquer reação por parte do sul americano de assimilar a situação como um todo, a garota cravou seus enormes dentes em seu braço arrancando-lhe sangue e enquanto ainda gritava de dor, ela inexplicavelmente tomou a forma de um lobo de pelo acinzentado e correu noite a dentro desaparecendo na escuridão estrada .

Foi exatamente ai que o pesadelo começou.


Completamente atônito pelo ocorrido ao invés de ajuda-lo, os três rapazes rapidamente o nocautearam e o colocaram no porta-malas do Chevelle azul. Steve acordou amarrado pelos pés e pulsos próximo a uma cabana de madeira longe da estrada, no meio do deserto do Novo México. Por dois intermináveis dias de sofrimento ele permaneceu assim; sob um sol escaldante, sendo alvo de diversas formas de tortura, sem dormir ou se alimentar direito. Segundo seus sequestradores, ele era especial e aquilo serviria para que ele fosse purificado e se tornasse mais forte quando chegasse a hora certa. Afirmavam que estavam forjando um "verdadeiro guerreiro com um coração completamente submisso" e para isso seu espírito deveria ser totalmente quebrado para que um dia enfim ele pudesse como eles, odiar plenamente e combater aqueles que assassinaram o "pai" deles.


Naquela situação inesperada, cativo, completamente alheio aos devaneios daqueles "lunaticos psicopatas", a única pessoa que ele realmente conseguia odiar era ele mesmo, por ser tão idiota ao ponto de se deixar cair num truque tão banal como aquele, com uma simples garota de isca. Ele poderia estar em uma cama confortável e na melhor das hipóteses, com duas belas mulheres lhe fazendo companhia, se tivesse dado mais credito aos "eventos cliches" que culminam em tragédias que os filmes de terror psicológico cansam de repetir nos cinemas. Por ingenuidade, cobiça, desejo e boas doses de burrice ao seu ponto de vista, ao contrario de todas suas piores expectativas ele estava ali, no limite de sua capacidade física e mental, longe de casa e sem perspectiva alguma de um final feliz.

No anoitecer do seu segundo dia de cativeiro ele já temia pelo pior, pois além do papo maluco de se tornar um "campeão de uma causa" e das agressões físicas constantes, eles não comentaram sequer uma vez sobre um possível resgate, acordo ou coisa parecida. Steve já perdia as esperanças de se ver novamente livre para contemplar o sol nascer de novo, temendo estar metido em algo pior do que um simples sequestro como; contrabando de orgãos, sacrifício humano para alguma seita satânica ou fetiche de um bando assassinos sádicos. Só lhe restava lamentar e torcer por um milagre. Ele implorou para que o libertassem e pediu ajuda a cada rosto diferente que via diante de si naquele local, mais era tudo em vão. Steve chegou a ver mais três homens além daqueles que o haviam capturado mas não havia visto ou ouvido a voz da desgraçada que o havia enganado. Dentro dele ardia o desejo de olhar mais uma vez nos olhos daquela vagabunda e perguntar "por que eu?" ou "o que eu fiz para merecer isso?".


Um fio de esperança nasceu com o barulho de tiros no meio da madrugada, eles pareciam se desentender entre si, "a turma" parecia estar completa desta vez, haviam uns dez ou mais brigando entre si. Homens se transformando em lobos, lobos se transformando em monstros, Parecia um sonho surreal sob a luz da meia lua. O terror tomou conta de Steve, seu coração palpitou e ele desesperadamente desejou ter forças para fugir dali. Como uma ordem seu corpo correspondeu e começou a queimar como um vulcão prestes a explodir. Ele sentiu seus ossos estralarem enquanto cresciam junto com sua carne, moldando um ser híbrido de proporções assustadoras. Ao tentar gritar para aliviar a dor que sentia, ao invés de sua voz, ele ouviu um longo e aterrorizador uivo ecoar de sua garganta. Sua visão começou a ficar turva e avermelhada, enquanto ele ia além de seus limites forçando as cordas que o prendiam e que pouco a pouco foram se afrouxando, até por fim
arrebentarem trazendo a ele novamente a plena sensação de estar livre. Um dos sequestradores ainda tentou detê-lo, gritava desesperadamente algo como: "Ele foi manchado pelo toque de Luna", mais já era tarde demais, nada poderia para-lo naquela condição, um gigantesco lobisomem de pelos negros explodindo em fúria, querendo como nunca retribuir os maus tratos, tendo agora como combustível de sua vingança o ódio mais puro e primitivo que se pode imaginar dentro de uma só pessoa...

O que veio após isso ainda é incerto em sua memória, ele acordou a quilômetros dali num hotel simples de beira de estrada. Steve ainda sentia o gosto ferroso de sangue nos lábios, enquanto tentava racionalizar tudo que havia acontecido naqueles últimos dias. O fato de estar em uma cama macia com lençóis limpos, sugeria que tudo havia sido um sonho, mas mesmo que ele quisesse não poderia se enganar a tal ponto. "Ela me infectou, passou isso pra mim, me tornou um monstro!"; era a frase que martelava constantemente seus pensamentos. Como um choque, esses devaneios o despertaram trazendo-o de volta para realidade perturbadora que ele vivia e em um só salto ele levantou-se da cama. Vestiu a muda de roupas convenientemente deixada na beirada da cama e desceu rapidamente as escadas. Foi imediatamente para local de reservas próximo a entrada e meio ofegante pela pressa, perguntou sobre sua chegada no hotel. Segundo o dono do estabelecimento, um senhor velho, com traços indígenas, ele havia sido trazido por um caminhoneiro, que disse o ter encontrado na beira da estrada e pediu para que eles não permitissem sua saída antes dele voltar com mantimentos e um médico. Tudo pareceu ficar claro depois daquela frase e ao reparar que haviam pelo menos três homens mal encarados indo em direção a porta e que certamente ajudariam o velho a cumprir sua promessa. Talvez ele estivesse ficando paranóico, mas nada tirava a certeza de Steve, de que o velho tinha algo haver com a maldita garota. O instinto de auto preservação o dominou e de uma forma como nunca antes havia fingido, ele não se permitiu transparecer o nervosismo que o tomava pela situação, nem pelo fato de que o pesadelo parecia estar londe de acabar. Ele agradeceu os cuidados, elogiou o hotel e os serviços e com um sorriso falso, mas convincente, subiu novamente rumo ao seu quarto. Steve não queria ferir ninguém inocente, então ao cruzar com a camareira em seu andar, pediu algumas cobertas e colchas a mais, alegando estar febril. Logo que ela as entregou, o sul americano pois-se a amarra-las e desceu cuidadosamente pela janela, que não ficava muito longe do chão mas mesmo assim poderia machuca-lo na queda e a partir de então, começou sua fulga...

Uma semana se passou desde então, Steve passou a caminhar sem deixar vestígios. Não procurou conhecidos, amigos ou parentes temendo que eles fossem envolvidos ou que através desse contato eles pudessem o encontrar mais facilmente. Tentou se precaver e se antecipar a cada passo de seus algozes, mas cada vez mais sentia próxima a presença deles em seu encalço. Ele já estava se conformando com o fato de estar adiando o inevitável, mas de uma coisa ele tinha certeza, quando finalmente o reencontro acontecesse, ele não se entregaria tão facilmente.


O dia havia chegado e ali estavam eles, em papéis invertidos, frente a frente outra vez, diante daquela que segundo ele havia tornado sua vida um inferno. Um dia da caça, outro do caçador pensou ele, pois o destino agora o havia colocado em uma situação de aparente vantagem que nem no melhor dos seus sonhos ele poderia imaginar.

- OUE VOCÊ QUER DE MIM? - gritou ele sentindo seu peito disparar numa avalanche de sentimentos controversos. Todo seu medo de voltar a ser fantoche na mão de um bando de sádicos gritava para que ele acabasse logo com aquilo, em contra partida, sua consciência advogava dezenas de razões para que ele não fizesse nada que pudesse vir a se arrepender depois. Ele só queria queria entender a razão de tudo aquilo, voltar a ter uma vida normal. Porque tinha de ser ele entre tantos rapazes naquela noite o infeliz escolhido pra ser amaldiçoado?. O silencio dela fingindo estar desacordada o transtornava ainda mais, por isso ele não hesitou em atirar mais uma vez entre suas costelas para que ela soubesse que ele não estava brincando...

Apenas um sorriso saiu dos lábios dela depois de se contorcer e tossir sangue. Steve então resolveu mandar sua consciência pra "puta que o pariu" e engatilhou a arma para dar cabo da garota - "quem sabe assim eu não quebro a maldição junto" - concluiu ele já
sem paciência alguma para joguinhos e não tendo absolutamente nada a perder naquela situação. Ao fazer a simples menção de puxar o gatilho, o jovem sentiu seu tórax sendo perfurado pelo que pareciam ser quatro dardos tranquilizantes. Uma onda de raiva mesclada com decepção o inundou por ter se descuidado de sua retaguarda. Ele já devia ter imaginado. Silenciosamente um outro comparsa da maldita havia entrado pela porta dos fundos e o pegara de surpresa. Sem saída, o sul americano apelou para o ultimo recurso que tinha e começou a transformar-se no monstro que "ela o havia tornado" para enfrentar o atirador, mas antes de alcança-lo, do vão da janela, um terceiro aliado surgiu, um lobo enorme e escuro que saltou sobre suas costas o fazendo cair de bruços no chão.

Novamente o barstow foi manchado de sangue. Dentes e garras afiados como facas, eram cravados em carne e ossos sem a menor misericórdia, enquanto eles rolavam pelo chão se engalfinhando violentamente. Steve lutou o quanto pode e não facilitou sequer um segundo, mas ele não estava na plenitude de suas condições devido ao combate anterior, onde deteve o pior da fúria de Klaus. Com o auxilio do atirador e da garota que levantou-se com dificuldade, os três enfim conseguiram imobiliza-lo por tempo o suficiente para que a droga fizesse efeito...

Enquanto se debatia contra seus três algozes no final de suas forças, um último pensamento inconformado pela sua derrota ecoou no resto de consciência que lhe restava; Steve então sentiu suas forças se esvaírem aos poucos, seu corpo diminuia progressivamente e já não obedecia aos seus comandos. Uma sensação de relaxamento o envolveu profundamente até que enfim tudo escureceu...



FIM DO PRÓLOGO


Nota do Autor: A visão de Steve, um rapaz normal que derrepente se viu imerso em um mundo de trevas que ele jamais imaginou existir, seus conflitos internos e deduções alheias da "verdade que está la fora" são os temas principais desse último capítulo do prólogo de nossa campanha. Parece engraçado, mais é agora que realmente a aventura começa e que os mistérios finalmente serão revelados. A cortina de incertezas se cai e tudo enfim será desmistificado tanto para nossos heróis, como para vocês leitores que terão as respostas que tanto almejam sobre a sociedade dos lobisomens no novo World of Darkness 2.0,. Aguardem...

Mas enquanto isso...

Toda ação tem uma reação proporcional e inversa, assim como tudo tem um custo nessa vida. No ultimo post falamos sobre o kuruth uma fúria poderosa, selvagem e descontrolada que se apodera dos urathas em situações de estresse intenso. Agora falaremos sobre um ponto muito importante que muitas vezes reflete a consequência desse descontrole; a Harmonia:

Lobisomens não são humanos. Apesar de terem sido criados com morais humanas, eles não acham certas éticas justificáveis. Por exemplo, mesmo antes da Primeira Mudança um lobisomem pode considerar que roubo não seja um pecado tão grave. Afinal, se o dono da propriedade não foi forte ou esperto o suficiente para protegê-la, porque então o lobisomem não deveria tomá-la? Lobisomens também formam laços muito próximos com amigos e família, protegendo-os como um lobo faria com sua matilha. O fato de que essa afeição não é sempre compartilhada – amigos e família não são lobisomens, e podem achar o jovem incoveniente e assustador – é uma fonte constante de angústia e frustração para esses filhotes.

Depois da Primeira Mudança, um lobisomem subitamente começa a ver o mundo com outros olhos. Algumas vezes, a Mudança traz liberdade. Leis e moral humana não parecem mais apropriadas. Como podem as leis humanas de não assassinar uns aos outros se aplicar a criaturas aparentemente feitas para matar? Essa filosofia também é enganosa. Um lobisomem que sucumbe totalmente ao seu lado bestial perde a habilidade de dominá-lo. De modo a manter sua sanidade e ter alguma chance de ter preciosa paz de espírito, os Uratha devem trilhar um caminho entre animal e humano, entre espírito e carne, entre instinto e razão. Este é o caminho da Harmonia.

O credo da Harmonia reforça a necessidade de obedecer às leis que os lobisomens estabeleceram, de manter a Fúria sob controle até ela ser necessária, de honrar Luna e os totens (tanto da matilha quanto da tribo) e de sempre proteger sua matilha. Os lobisomens que seguem estas leis talvez jamais encontrem paz completa, pois ela é para sempre negada aos Renegados, mas são eles que chegam mais próximo dela. Aqueles que buscam Harmonia se aproximam do equilíbrio entre suas naturezas duplas, aceitando seus instintos ferais sem perder sua razão humana. Aqueles que não buscam Harmonia são monstros, feras assassinas que contam apenas com seus poderes de transformação e Fúria. A trilha da Harmonia não é uma de paz ou tranqüilidade – é uma trilha de aceitação do lobo e do humano, do espírito e da besta.

Assim como mortais, quando um personagem lobisomem realiza um ato de grau menor ou igual ao equivalente a sua Harmonia, o jogador rola certo número de dados para verificar se o personagem obtém sucesso e se arrepende de seu ato ou se ele fracassa e não sente nada além de satisfação pelo seu feito. Caso o personagem perca um ponto de Harmonia, ele deve rolar seu novo valor neste atributo para verificar se ele recebe uma degeneração, descritas no livro World of Darkness.

Harmonia - Transgressão - Dados rolados

10 - Não mudar de forma por mais de três dias 5 DADOS
9 - Não obter sua própria comida,
carregar arma de prata 5 DADOS
8 - Desrespeitar espírito ou Uratha de posto superior 4 DADOS
7 - Passar muito tempo sozinho;
violar voto tribal 4 DADOS
6 - Acasalar com outro Uratha;
matar humano ou lobo sem motivo 3 DADOS
5 - Matar um lobisomem no calor da batalha 3 DADOS
4 - Revelar a existência dos Uratha para um humano;
usar arma de prata contra outro lobisomem 3 DADOS
3 - Torturar inimigos ou presas;
matar um lobisomem de forma intencional ou premeditadamente 2 DADOS
2 - Caçar humanos ou lobos como alimento 2 DADOS
1 - Trair matilha;
caçar lobisomens como alimento 2 DADOS



22.11.07

Prólogo - Parte 09

Once Upon a Time in New Mexico 09/10




Steve apenas subiu a sua guarda cruzando os braços sobre a face e fechou os olhos quando sentiu a patada da fera vindo em sua direção. A força do golpe foi tão intensa, que o fez atravessar o salão e espatifar-se contra a parede de madeira rústica próxima a entrada que quase cedeu. Acima dele, os vidros da velha janela não resistiram ao impacto e se partiram em pedaços afiadíssimos, que caíram sobre ele como uma chuva de verão, castigando ainda mais o seu corpo.
Sua massa muscular estava quase ao normal, os tufos de pelo negros caiam ao chão. Sua pele formigava e seus braços latejavam intensamente de dor. O cansasso definitivamente parecia o estar vencendo e tudo o que ele mais queria naquele exato momento era fechar os olhos por alguns instantes para se recompor. Ali caido, debaixo da janela escancarada, envolto aos cacos manchados com seu sangue, sob a luz da lua minguante, ele observou seu fim se aproximando cada vez mais rápido no forma mais bestial que a morte poderia assumir...

Mas ao invés de um coro de anjos o recebendo no além vida, naquele momento crucial, ele ouviu uma violenta rajada de tiros vindos do vão que um dia foi a janela sobre sua cabeça. Sem acreditar naquele golpe de sorte do destino, Steve apenas observou o monstruoso Klaus estremecer e recuar com a saraivada de balas que massacravam seu peito. O barulho ensurdecedor da cadencia das balas, unida ao uivo agonizante do nórdico transmutado, eram
capazes de corromper a sanidade de uma pessoa menos crédula nos mistérios que margeiam nossa vã consciência. Como um choque aquilo o despertou e aproveitando-se da incrível oportunidade, o sul americano reuniu todas as forças que lhe restavam e começou a se arrastar o mais rápido que pode para longe do fogo cruzado e do raio de visão da fera, que enfim, curvava-se e dava os primeiros sinais de que iria tombar...

Klaus estava completamente ensangüentado, sua massa corpórea diminuía de forma acelerada, mas antes que Steve pudesse vê-lo cair de uma vez por todas, o que parecia ser uma bomba de fumaça estilhaçou os vidros da janela a sua direita. Por instinto ele virou-se para correr para o outro lado, mas outras duas passaram pelo vão. Ao explodirem, ele tentou cobrir o rosto com as mãos, mas não demorou para que a sensação de ardência queimasse sua laringe e fizesse com que seus olhos começassem a lacrimejar. Coberto por suor e sangue,
o efeito urticante do gás propagou-se ainda mais rapidamente em sua pele. E acredite ou não, esses ainda eram os menores de seus problemas naquele momento...

Com Klaus efetivamente derrotado, inconsciente e ao seu entender morto na forma humana, Steve enfim teve mais do que alguns segundos para poder racionalizar a situação atual e traçar o seu destino a partir de então. Pela ação organizada e prudente que acontecia, provavelmente a policia estava la fora preparada para o que "desse e viesse". O que o fez pensar que ao entrarem por aquela porta e vissem aquela cena clássica de filmes de terror adolescente, repleta de destruição, sangue, com direito a mortos, feridos e sobreviventes se contradizendo, com apenas ele
(um imigrante latino lavado em sangue de um cadáver em potencial) consciente...

D
e "salvo pelo gongo" ele passaria a: "completamente fudido e condenado a cadeira elétrica por massacre", após alegar veementemente diante de um júri popular, que ele havia se transformado num "monstro hollywodiano" de quase três metros de altura apenas em "legitima defesa", e que na verdade, havia sido o "outro lobisomem" o autor de todo aquele estrago. Realmente seria uma historia "bem" interessante de se ouvir e por que não dizer; "inovadora" de se afirmar sob juramento. Dava até para imaginar as transmissões ao vivo em todo mundo, seguidas de documentários sobre sua vida e depois de alguns anos, um filme com elenco "b" estreando nos cinemas a "versão sem cortes da verdade que não foi contada"

Ele tinha de qualquer forma que dar um jeito de sair
dali ...

Ciente disso, Steve prendeu a respiração e seguiu em direção a saída lateral, mas ao se aproximar, ouviu
de relance os comandos do que parecia ser o líder da ação de contenção do local e os passos de pelo menos um de seus subordinados o seguindo. Então de forma furtiva, ele seguiu para a porta dos fundos, e quando estava a metros da liberdade, notou um importante detalhe; que agora de volta a sua forma humana suas roupas haviam se desfeito em trapos e ele se encontrava completamente nú. Como um estrangeiro sem roupas, no meio do deserto, próximo ao local de um incidente de grandes proporções não é lá uma coisa muito discreta, ele recuperou o fôlego numa brecha de ar próxima a porta e de forma silenciosa, agachado-se para não ser notado, seguiu tenso na direção em que lembrava estar o corpo inconsciente do rapaz careca que ele havia derrubado a pouco. Tateando freneticamente o chão ele o encontrou e sem pensar duas vezes roubou-lhe as calças...

Enquanto rapidamente as vestia, embora o efeito do gás prejudicasse sua visão e olfato, de modo geral, ele percebeu que progressivamente seu corpo reagia e aos poucos o seu vigor natural ia voltando ao normal. A dor em suas costas causada pelo impacto havia diminuindo significativamente e já não mais o debilitava, seus músculos estavam novamente correspondendo como se estivessem descansados e foi só então que ele percebeu abismado os ferimentos profundos em seu peito se fechando e cicatrizando lentamente. Ele com certeza se estareceu, mas em meio a todos esses acontecimentos estranhos que estavam ocorrendo recentemente em sua vida, a primeira coisa que realmente veio a sua cabeça era; que nem tudo poderia estar perdido e Klaus pudesse estar vivo. Afinal, ambos aparentemente
tinham as mesmas habilidades e o que quer que estivesse acontecendo com ele, o nórdico poderia ter mais respostas. Talvez ele soubesse como ou o porque dele estar passando por tudo aquilo ou quem sabe, se haveria alguma forma de controlar ou até mesmo se livrar daquela maldição...

Ele teve segundos para decidir o que fazer em seu plano desesperado de fuga e
o medo de não mais poder fazer ao escandinavo as perguntas cuja as respostas tanto o atormentavam, o fizeram agir pelo impulso. Steve correu e ainda pensando em se arrepender por aquilo, pegou a espingarda caída atrás do balcão e em seguida colocou Ollendorf em suas costas. Apartir dali ele já não sabia qual das situações era a pior; a de fugir aos tiros da policia local ou ter que carregar um homem de mais de cento e vinte quilos completamente nú em seus ombros...


Nota do Autor: Muitas pessoas me perguntaram durante as semanas que separavam os posts 8 e 9, porque Steve voltou a forma humana no meio do combate e Klaus não? A resposta é simples. O instinto de auto preservação de Steve o fez mudar para a forma Gauru, a qual o uratha entra numa espécie de frenesi mais controlado, nela ele precisa atacar algo ou alguém todas as rodadas ou no mínimo se mover na direção de um alvo visível. Manter essa forma exige muito esforço e o número de turnos por cena nessa forma é determinado pela soma do vigor básico com o instinto primitivo do personagem. Passado esse período, ele volta a forma natural ou ainda pode tentar fazer um teste para ir para alguma das outras três formas intermediárias. Já Klaus além de estar na forma híbrida como Steve, ele estava possuído pelo que chamamos na primeira língua de Kuruth...

Death Rage, Fúria de Morte, Fúria Mortal ou Kuruth, independente de como é chamado esse é o estado mais selvagem que um lobisomem pode alcançar. Nele são ignorados perigos mortais, em prol de nada além do que a satisfação de rasgar sua presa com suas garras e dentes. O uratha nesse estado assume imediatamente a forma gauru e permanece nela com direito a todos os seus benefícios até que a fúria cesse ou seja interrompida. Nela o lobisomem é compelido a destruir todos os alvos dentro de seu raio de visão, sejam aliados, inimigos ou infortunados transeuntes que estiverem na cena...

Para os uratha, a palavra Death Rage tem muitos significados, o lembrete da morte do Pai Lobo é um deles. Mas, o verdadeiro significado dela é que sucumbir ao Kuruth é uma perda da consciência semelhante à morte, onde o uratha corteja a possibilidade de morrer como uma fera enlouquecida ao invés de um guerreiro ou caçador. Por isso cada Fúria Mortal de um lobisomem pode ser sua última.

Os seguintes estímulos disparam o estado de Kuruth durante um combate:

- Sofrer dano agravado.
- Acertar ou ser atingido por um sucesso decisivo (5 sucessos num ataque).
- Sofrer dano em um dos últimos três pontos de Health.

Mas o real horror do Kuruth é que ele pode surgir mesmo fora de situações de vida-ou-morte. Por exemplo, uma Uratha pode ser tomada pela Fúria-morte ao descobrir que seu namorado estava lhe traindo, somente para recuperar os sentidos coberta em seu sangue e vísceras. A lista seguinte detalha potenciais estímulos que podem sujeitar um lobisomem ao Kuruth quando não estiver em combate. O jogador deve fazer um teste para resistir quando receber uma provocação equivalente ao seu valor de Harmonia ou maior:

- 9 a 10 Pessoa amada/membro da matilha morto ou ferido gravemente; traído por pessoa amada/membro da matilha.
- 7 e 8 Traído por aliado
- 5 e 6 Ferido fora de combate com dano agravado; pessoa amada/membro da matilha em perigo
- 3 e 4 Humilhado ou ferido
-1 e 2 Insultado; autoridade desafiada

Sistema: O jogador deve rolar Resolve+Composture para evitar entrar em Kuruth a cada provocação recebida, seja em situação social ou de combate. A falha faz o lobisomem assumir automaticamente a forma gauru. O limite usual de rodadas para esta forma é ignorado. Dura até o fim da cena (sendo abatido ou abatendo a todos rs!). Qualquer uso de dons, disciplinas de vampiros ou magia de magos afim de influenciar o alvo do kuruth sofrem uma penalidade de -3 nas jogadas de dado.

21.11.07

Prólogo - Parte 08

Once Upon a Time in New Mexico 08/10




O uivo gutural da criatura gigantesca de pelos dourados ecoou pelo recinto e fez as paredes estremecerem, assim como a carne e os ossos de seu algoz... Completamente perplexo, o jovem de cabelos loiros na altura dos ombros permanecia estático, tentando a todo custo racionalizar aquilo que estava diante de seus olhos... Mas uma nuvem de inconformidade e negação o cercava tentando manter sua sanidade – Isso só pode ser um pesadelo – pensava repetitivamente desejando acordar de qualquer forma em algum lugar seguro...

Mais para a sua infelicidade aquilo tudo era real...

Mesmo que ambos estivessem em condições iguais nesse combate, muito provavelmente ele não levaria vantagem contra o norueguês de mais de dois metros de altura e cerca de cento e vinte quilos... Klaus estava praticamente inconsciente quando foi covardemente atacado. Seria praticamente suicídio para o jovem enfrentar o escandinavo em um mano a mano. O que dirá então, fazer frente a ele naquela situação? Em uma forma monstruosa, com quase o dobro de seu tamanho, o triplo de sua massa muscular, em um estado de irracionalidade e completo descontrole?

Antes mesmo que o pobre coitado respondesse ao instinto de virar-se e correr, as enormes garras da criatura já deslizavam sobre seu peito, rasgando sua pele, víceras e partindo os seus ossos. Ele cogitou gritar de dor ou desespero, mas antes que qualquer som fosse emitido, os fortes e afiados dentes da enorme criatura já estavam cravados por toda extensão de seu pescoço e com um só movimento sua cabeça já havia sido decapitada...

As ultimas imagens gravadas em sua retina, foram o mundo girando por alguns momentos após o impacto com solo ate por fim parar poéticamente em uma posição inclinada, mas privilegiada, de onde ele pode observar o resto de seu corpo ser completamente destruído pela enorme criatura...

.....

Enquanto isso, Steve já havia neutralizado um jovem armado, mas agora tinha sobre si a atenção de dois de seus amigos. O jovem em uma forma com traços humanos, mas com muito mais músculos e pelos do que o normal, estudou rapidamente seus oponentes enquanto caminhavam em sua direção. O maior deles, o ruivo com a cadeira na mão. Caminhava despreocupado, sorridente, completamente confiante, como se estivesse caminhando em direção ao mar em um dia ensolarado. Steve observou também os movimentos do outro, o careca que segurava um pedaço considerável de madeira que outrora fora um taco de bilhar, eles eram lentos e atrapalhados, além de que embora suas feições não demonstrassem, ele estava impregnado com um inconfundível aroma de hesitação e medo...

Então ao contrario das expectativas de ambos, Steve lançou-se logo sobre o maior deles e antes que este pudesse reagir, suas garras enterraram-se na parte superior do rosto do brutamontes, arrancando aquele sorriso imbecil e parte do seu supercílio em uma fração de segundos. Imediatamente o grandalhão largou a cadeira e levou as mãos em direção aos olhos, onde rapidamente o sangue impregnava sua vista. De forma veloz Steve aproveitou-se da situação e acertou-o novamente com um forte gancho de direita, deixando-o completamente atordoado. A luta parecia que iria ter um desfecho tão simples quanto a primeira, mais havia mais um. O latino mais sentiu do que viu o pedaço de madeira partir-se em suas costas e mesmo assim por pouco ele não conseguiu desviar de seu trajeto. Apenas um ranger de dentes para conter um grito precedeu a retaliação.

Steve virou-se emendando um forte soco cruzado que fez o rapaz cuspir um de seus incisivos. Furioso ele continuou a massacrar o rosto de seu algoz até ele perder a consciência, mas antes que pudesse desferir o golpe derradeiro, algo lacerou profundamente seu ombro. Um urro de dor explodiu de seus lábios, imediatamente sua cabeça começou a girar e sua visão enevoou devido à fúria. Ele precisou de toda sua força de vontade para não perder o controle antes de virar-se para poder encarar seu novo adversário. Ele era imenso, monstruoso, um verdadeiro demônio sob a pele de um lobo de pelos dourados manchados de sangue. Ele tinha exatamente a forma que aterrorizava seus pensamentos desde que perdeu o controle e se transformou pela primeira vez há alguns dias atrás. Desde o dia em que começou a ser perseguido... Seja lá o que for que tinha acontecido com ele naquela noite, evidentemente também havia acabado de acontecer com o rapaz que cantava no palco do barstow.

Mal houve tempo para ele poder organizar seus pensamentos antes que a criatura bestial saltasse sobre ele; babando, com a enorme mandíbula escancarada, ainda com pedaços de carne e sangue entre os dentes. Seus olhos brilhavam num tom rubro aterrorizador.

Aquele provavelmente seria o fim de qualquer ser humano e em seu lugar muitos estariam se esvaindo em medo e desespero, mas Steve não era humano e naquele momento estranhamente ao inves de pavor, ele estava tomado pela mais pura e primitiva fúria... Uma nuvem vermelha enfim cobriu por completo seus olhos obscurecendo sua visão, um som como de muitos tambores ecoaram em seu crânio, enquanto trovões pareciam estourar em seus ouvidos, No âmago de seu ser ele pode sentir um poder palpável florescer dentro de si quebrando as últimas travas que o mantinham sob controle. Uma onda de fogo e fúria fluiu pelo seu corpo, subiu pela sua garganta e explodiu na forma de um uivo primal e aterrorizador...

Steve, agora transformado na forma de um enorme "homem-lobo" de pelos negros , recebeu seu adversário com as garras em riste, não hesitando em crava-las em seu peito. O monstruoso Klaus ganiu de forma aguda pela dor, mas isso não deteve sua trajetória. Pelo impacto de seu pesado corpo, ambos foram arremessados e rolaram por metros, destruindo mesas e cadeiras pelo caminho. Por vários minutos que pareceram uma eternidade, assim eles permaneceram. Mordendo e se arranhando, rugindo e se degladiando de forma mortal, eles travavam ali no velho "barstow" uma batalha apocalíptica a qual parecia que não iria mais ter fim.

O gigante escandinavo possuído pela fúria mortal parecia ser imbatível... a cada ferimento suas forças pareciam se renovar em sua dor. Já Steve pelo contrario, a medida em que o tempo passava, estava ficando cada vez mais cansado. Seus ferimentos e músculos doiam e seus movimentos já não eram mais tão rápidos. Naquele momento ele lutava única e exclusivamente por sua vida, até o mais tolo sabia que tombar ali, diante daquela fera, significaria nunca mais ver o sol nascer de novo. O lobo sombrio também tinha a consciência de que se perecesse, todos aqueles feridos inconscientes seriam os próximos a sentir a ira da criatura descontrolada...

Mas por mais que Steve se esforçasse heroicamente além de seus limites e Klaus estivesse extremamente ferido, naquele estado ele dava a impressão de ser praticamente invencível. A cada momento a coisa parecia ir de mal a pior para o sul americano que já não conseguia acompanhar seus movimentos. E quando ele mesmo achava que nada mais poderia dar errado, a nuvem rubra que cobria seus olhos aos poucos começou a se dissipar. Lentamente ele sentiu seu corpo diminuir e aquela força mística esvaecer - Nãaao, nãaao !!! Agora nãaaao!!! - desesperou-se o jovem latino ao sentir "a magia" o abandonar enquanto a criatura de quase três metros "programada" para destruir uivou alto e longamente como se sentisse a vitória se aproximar antes de correr impiedosamente em sua direção...



Nota do Autor: Inaugurei essa sessão de notas no post 7 falando um pouco sobre os cinco augúrios dos urathas, os quais determinam sua função dentro de uma matilha. Neste post, vou dar uma descriçao básica sobre dois poderes excepcionais dos lobisomens: A incrivel capacidade de regeneraçao e a possibilidade de mudar de formas que um uratha pode assumir com suas vantagens e regras para o sistema atual.

Regeneração

Uma pessoa normal recupera um ponto de dano concussivo a cada 15 minutos; um ponto de dano letal a cada dois dias e um ponto de dano agravado por semana. Lobisomens regeneram um ponto de dano concussivo por rodada; um ponto de dano letal a cada 15 minutos. Ao custo de um ponto de essência, um Uratha pode regenerar um ponto de dano letal como ação reflexiva.

As 5 Formas

Hishu
- humano normal. A regeneração extraordinaria dos urathas também ocorre nesta forma. Atributos não se alteram.


Dalu - quase humano. Esta é a forma que Steve assume espontaneamente nos posts em que a briga começa no bar para auxiliar Constância. Ela acrescenta 15 centímetros e aproximadamente 15 a 30 kilos de massa muscular à forma hishu. Inflige delírio -4.

Força+1 Vigor+1 Manipulação-1 tamanho+1
Vitalidade+2 Deslocamento+1 +2 em testes de percepção.

Gauru - homem lobo. A forma clássica do lobisomem. Esta forma representa a fúria que reside em cada Uratha. Ela proporciona entre 60 a 90 centímetros de aumento na altura e 100 a 125 kilos de massa muscular. Nesta forma o lobisomem entra numa espécie de frenesi controlado, onde precisa atacar algo ou alguém todas as rodadas ou então se mover na direção de um alvo visível. Devido ao esforço necessário para manter o controle, um lobisomem não pode se manter na forma gauru indefinidamente, e sim por Stamina(básica)+Primal Urge rodadas por cena. Causa dano letal e recebe um dado extra de dano por garra e dois dados no dano da mordida. +3 nos testes de percepção. Ignora penalidades por ferimentos e não precisa fazer testes para evitar inconsciência.

-2 para resistir Fúria-Morte. Falha automaticamente em todos os testes sociais e mentais. Força+3 Destreza+1 Vigor+2 Tamanho+2 Vitalidade+4 iniciativa+1 Deslocamento+4 Armadura 1 corpo-a-corpo/1 balística.

Urshul - quase lobo. Forma de um lobo atroz entre um a 1,5 metros de altura e 1,80 a 2,40 metros de comprimento. Combina capacidade de combate com maior controle emocional do que a forma gauru. Inflige delírio-2.

Força+2 Destreza+2 Vigor+2 Manipulação-3 Tamanho+1 Vitalidade+3 iniciativa+2 Deslocamento+7 +3 em testes de percepção e pode causar dano letal com garras e mordida.

Urhan - lobo. Os sentidos do Uratha ficam super aguçados nessa forma.

Destreza+2 Vigor+1 Tamanho-1 Iniciativa+2 Deslocamento+5 +4 em testes de percepção e pode causar dano letal com mordida.



Sistema: Mudar de forma exige um teste de Stamina (básica, sem moficações)+Survival+Primal Urge durante uma rodada. Ao custo de um ponto de essência, não é necessário teste e a transformação é reflexiva. Retornar à forma hishu também é uma ação reflexiva e não acarreta nenhum custo.


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