HUNTING GROUNDS: LAS VEGAS

SEJAM BEM VINDOS AO NOSSO TERRITÓRIO, A CIDADE DO PECADO, LAS VEGAS!

LOBISOMEM: OS DESTITUÍDOS

O LOBO DEVE CAÇAR... TUDO QUE VOCÊ PRECISA SABER PARA COMEÇAR SUA CAMPANHA.

CAPITULO 1: ANSWERS AND CHOICES

ACOMPANHE A TRAGETÓRIA DE ORIGEM DE UMA DAS MAIORES ALCATEIAS DE VEGAS.

PRÓLOGO: ONCE UPON A TIME IN NEW MEXICO!

O PASSADO, O LADO HUMANO, A VIDA ANTES DA PRIMEIRA TRANSFORMAÇÃO!

THE STORMRIDERS: OS CAVALEIROS DA TEMPESTADE

STEVE, KLAUS, RAY, MIKE, CARMEM, PHANTOM, CONHEÇA OS INTEGRANTES DE NOSSA ALCATÉIA.

7.8.08

Capitulo 1 - Parte 5

Answers And Choices 05/07


Las Vegas, Uma hora e quarenta e cinco minutos antes...


No quarto improvisado nos fundos da oficina “Western Crown Custom Choppers”, Mike permanecia sob a luz pálida de seu laptop, perdido em meio às recordações de seu passado. O papel de parede na tela de dezenove polegadas do computador estampava aquele que talvez fosse o último dia perfeito de sua vida. Era um compilado de imagens, onde ele e alguns amigos e amigas se divertiam com suas pranchas de surf em plena “Long Beach” na Califórnia, que traziam novamente à tona todas as sensações implícitas naquela inesquecível tarde de verão. Eles estavam comemorando, Mike havia conseguido uma bolsa de estudos em Stanford, onde estudaria ciências da computação e em poucos anos assumiria o controle das empresas de Software de seu pai. Também foi naquela tarde, exatamente quando o sol começou a se por, que Juliet, após semanas de insistência, aceitou seu pedido de noivado. Ela era perfeita, bonita, inteligente, bem humorada, compreensiva. Talvez por isso doesse tanto aceitar sua atual condição, deixar tudo para trás e seguir em frente na sua nova vida como uratha...


Seus pensamentos foram abruptamente interrompidos pelo enorme estrondo vindo do salão principal do galpão, onde ficavam estacionadas as motos esperando por reparos. Mike deu um pulo saindo rapidamente da parte de cima do beliche, e correu após ouvir o grito de Ray em meio a um barulho que lhe arrepiou todos os pelos do corpo. Era algo como ferro rangendo, como se estivesse sendo arrastado, ecoando de forma aguda pelo galpão. A toda velocidade ele saiu do quarto, passou pelo corredor com as luzes apagadas onde ficava o escritório e despontou na entrada do salão de reparos para se deparar com mais uma, das cada vez mais freqüentes cenas bizarras que tem atualmente testemunhado, em sua ainda curta vida como lobisomem. Ray, seu companheiro de matilha, estava na forma dalu, e se protegia das investidas do dorso humanóide formado de pura eletricidade, que ao mesmo tempo em que tentava desvencilhar o que teoricamente seriam suas pernas, da moto fetiche a onde estava aprisionado, também tentava freneticamente acertar com seu outro longo e desproporcional braço carregado com milhares de volts, o esguio rapaz de traços afro americanos...


O jovem ithaeur analisou a situação de forma rápida e enquanto correu para o painel do alarme de incêndio, gritou para que o irraka se afastasse o máximo possível do espírito elétrico. Imediatamente o companheiro de matilha de Mike pós se a correr, acatando ao pedido de seu amigo vindo ao seu encontro. O rapaz caucasiano, de cabelos loiros na altura dos ombros, concentrou-se sobre o dispositivo eletrônico buscando entrar em sintonia com os espíritos tecnológicos do aparelho, um truque ensinado por Paul, o seu alfa, a fim de confundi-los e fazer o sensor de fumaça disparar mesmo sem ainda haver uma ameaça real de fogo no recinto. O espírito de pura energia seguia implacavelmente Ray com braçadas longas e velozes, vez ou outra tentando agarrá-lo, e mesmo após o insucesso de cada uma de suas investidas, a criatura voltava ao encalço do ágil uratha com uma velocidade incrível, arrastando a lataria da Harley-Davidson customizada, que ainda permanecia presa em seus membros inferiores e faiscava por todo percurso da perseguição, pendendo para os lados como um chicote, derrubando e destruindo o que se colocasse em seu caminho.

Ray arfante, já se aproximava do corredor onde Mike estava. Peças e ferramentas voavam para todas as direções do recinto como reflexo da fúria da criatura, e embora toda confiança que ele poderia ter no mundo, estivesse incondicionalmente depositada em seu companheiro de matilha, o afro americano já não conseguia esconder do olhar que praticamente gritava o seu companheiro; “Se tiver que fazer algo de extraordinário faça agora porra!”. E quando tudo parecia terminar num inevitável combate corpo a corpo entre o furioso espírito e os jovens lobisomens, o plano do lua crescente começou a dar certo. Mais precisamente quando os espíritos do dispositivo acataram seu comando e os rociadores de incêndios no teto do galpão começaram a funcionar. Ray saltou desesperadamente sobre uma imensa mesa de ferramentas próxima a janela, enquanto Mike correu de volta para o corredor e se resguardou atrás da porta anti-chamas. O espírito elétrico, que ainda buscava alcançar o irraka, foi pego de surpresa, em meio ao seu bote que parecia ser certeiro, pela onda de água vinda dos sprinklers que dispersavam a chuva artificial por todo ambiente. O monstro instantaneamente parou, rugiu e se contorceu como se estivesse sendo atingido por uma chuva ácida. Diversas reações começaram a ocorrer pelo seu dorso humanóide de forma rápida e exponencial. O fluxo de carga em seu corpo aumentava na medida em que os elétrons livres em movimento colidiam entre si em sua estrutura molecular, gerando faíscas que começaram a brotar pelos seus membros. Não demorou para que após alguns estouros a criatura em agonia entrasse em colapso, e fosse subjugada após um grande curto circuito, seguido por uma enorme explosão, que finalmente deu cabo a sua manifestação física.

Após o estrondo, o jovem ithaeur abriu rapidamente a porta, e correu para constatar se seu companheiro de matilha estava bem. Ray já se levantava, tossindo em meio à nuvem de fumaça que impregnou o ambiente. O esguio rapaz parecia estar bem.

– Wow cara, que estouro! – Disse Ray com um sorriso largo, ajeitando seu chapéu pescador de estimação sobre a cabeça raspada. Enquanto Mike atônito passou a observar o cenário pós-apocalíptico em que a oficina se encontrava.

– Cara, da uma olhada nessa, bagunça, o Paul vai matar agente – Respondeu Mike olhando e tentando reparar o que fosse possível na cena de destruição composta por; varias janelas quebradas, motos, caídas, arranhadas e algumas semi destruídas, sem contar os móveis e o maquinário encharcados, as milhares de ferramentas espalhadas por todos os cantos e algumas telhas que vieram abaixo com a explosão.

O californiano mal terminou a frase e como se respondendo ao seu chamado, a imensa porta de aço deslizou batendo no final do trilho, produzindo um eco que congelou sua espinha. Os enormes faróis do triciclo customizado iluminavam o galpão que contava com a claridade de apenas algumas lâmpadas fluorescentes que resistiram à explosão, revelando apenas a forma de um homem careca, alto e de constituição física assustadora. Os rapazes não precisavam enxergar para saber que aquele era seu alfa. Os olhos atentos de Paul buscavam friamente compreender o que havia ocorrido em sua oficina. Se esforçando para não gaguejar, Ray foi ao seu encontro para assumir a culpa do incidente. O irraka lhe explicou que ao entrar na sala onde Paul constrói as motos “especiais” para apagar as luzes e fechar a oficina, a criatura o atacou traiçoeiramente pelas costas e se não fosse pelo auxilio de Mike, o pior poderia ter acontecido...

Paul encarou os dois rapazes por alguns minutos que pareceram uma eternidade e a tensão apenas se dissipou, quando o homem de mais de um metro e noventa, aparentemente quase chegando na casa dos cinqüenta, mais com uma forma física invejável ate para um lutador profissional, abriu um largo sorriso e disse: - Bom trabalho...

Os jovens urathas se entreolharam confusos mais respirando aliviados pela aprovação de seu alfa que continuou a falar; - Um dos motivos de ter passado aqui novamente é pelo fato de os telefones de vocês não estarem atendendo, isso geralmente significa encrenca, ainda mais depois de eu ter me lembrando que não havia dito que a sala das motos fetiche não poderia ser aberta ate que o ritual de aprisionamento fosse completado por mim amanha pela manhã, mais em vista da situação e pelo pouco tempo em que estamos reunidos, até que vocês se saíram muito bem. – Ambos já abriam um largo sorriso quando ele completou; – O que não significa que vocês não terão que trabalhar dobrado para cobrir esses estragos. Mas no momento, temos assuntos mais importantes para resolver essa noite. A tarde, durante minha meditação buscando respostas para o nosso futuro, eu obtive uma Visão de Presságio, onde a poderosa Fênix mergulhava de forma veloz em direção ao deserto, visando alcançar com suas patas flamejantes dois lobos a beira de um precipício, na fronteira nordeste de nosso território. quando ela estava prestes a agarrá-los, uma outra matilha de lobos escuros surgiu por de trás as rochas e a interceptou antes que pudesse salva-los, e nada mais pude ver se não o vermelho escarlate do sangue despendido na batalha brutal que obscureceu as minhas vistas, e logo após ouvir seu guincho de agonia e tristeza eu voltei a mim...

- E o que isso significa Paul? Perguntou Ray completamente atento a cada palavra, enquanto o poderoso ithauer ainda olhando firmemente dentro de seus olhos, assumiu a forma dalu, o tornando ainda maior e mais ameaçador antes de responder;

- Significa que essa noite teremos uma grande batalha, haverá sangue, e que Deus nos ajude para que não seja o nosso, pois essa é uma batalha que não podemos perder...

7.7.08

Capitulo 1 - Parte 4

Answers And Choices 04/07



1 hora mais tarde...

A parede da cela onde escoravam as costas, era áspera, úmida e fria. Não havia qualquer móvel que proporcionasse o mínimo de conforto. A luz era escassa e vinha de uma pequena fresta gradeada de onde se podia ver parcialmente o brilho da lua gibosa penetrar com dificuldade, assim como o ar, que já parecia estar ficando viciado ali dentro. Sentados em cantos opostos, no chão imundo do cubículo de pedra, escavado bem próximo da cabana de caça, estavam Steve e Klaus, confinados em silencio, com seus pensamentos distantes, tentando colocar tudo que acabaram de vivenciar em perspectiva...

Não haviam muitas opções depois daquele discurso. Por isso não houve mais resistência quando mencionaram levá-los novamente para um novo cativeiro. Resignação, aceitação, estado de choque... Chame do que quiser. O fato é que não se pode fugir dessas coisas. Não importa aonde você se esconda, eles te acham; sentem o cheiro inconfundível do seu sangue, farejam seu medo em cada gota do seu suor... Não há lugar no mundo, nem mesmo nas profundezas do inferno, onde você conseguiria escapar deles. Steve que o diga...

Ambos podiam ser jovens, mas a essa altura já tinham a total consciência de que suas vidas haviam mudado completamente de uma maneira irreversível. Não havia mais uma maldição a ser quebrada, não havia mais a esperança de uma cura... Portanto não havia mais sentido em se lamentar... No lugar de tudo isso entra em cena um novo propósito de vida, um desígnio, uma razão para existir. Agora havia apenas a VERDADE, que de uma maneira mórbida, passava cada vez mais a fazer sentido e começava a responder muitas das perguntas sem respostas até então vagas em suas vidas, ao mesmo tempo em que escancarava um caminho incerto aparentemente de mão única, que certamente os levaria a fazer escolhas, das quais eles poderão se arrepender pelo resto de suas existências...

Escolhas? A quem estou querendo enganar? Do jeito como o velho marine colocou as coisas, a maneira mais plausível de os rapazes se verem livres de seu jugo e sentirem o prazer do livre arbítrio novamente seria dentro de uma cova... Pensar em viverem suas vidas longe daquelas montanhas chega ser cômico de tão utópico na atual configuração dos fatos...

Tudo isso facilitou o processo de encarceramento e limitou as opções dos garotos para apenas: Sentar e esperar, e sabe como é... Ver as cartas que o destino põe na mesa e no dia seguinte pagar pra ver o que o lhes estava reservando...

Falando assim até parece fácil... Cada minuto ali dentro eram como décadas, era como esperar o próprio fim na cadeira elétrica, mas sem direito a um colchão, refeição digna, roupas limpas e nem a um último desejo...

Visivelmente angustiado, Klaus esfregou suas mão enormes pelo rosto, pressionou levemente os olhos e puxou os dedos queixo abaixo ate terminar no último fio da barba mal feita em seu pescoço. Arrastou a sola dos pés para trás levantando os joelhos de forma que ficassem paralelos e cruzou os braços por cima. Olhou para as paredes cinzas, para o teto, para lua e sem mais se conter, com sua voz grave, mais em tom baixo, o escandinavo quebrou o silencio:

- Klaus... Meu nome, é Klaus Ollendorf... então abaixou a cabeça...

Steve que tinha as costas entre a parede e as grades no lado oposto, com uma perna esticada e outra dobrada, a qual ele repousava o cotovelo e tinha a mão do mesmo braço cobrindo as vistas, nem mesmo se moveu para responder a pergunta:

- Stephan... Stephan Fernandes, mais desde que cheguei nesse maldito país as pessoas não me chamam de outra forma a não ser Steve...

Klaus levantou levemente a cabeça com um olhar ainda perdido e balançou-a vagarosamente de forma positiva como se entendesse... E então continuou:

- Então Steve... Porque você veio para a América?

Após uma breve pausa, a resposta veio inicialmente na forma de um ruído em sua garganta, como se ele tentasse conter algo irrefreável, que cresceu aos poucos na forma de risadas contidas e culminou em uma gargalhada, daquelas que você não consegue segurar e só espera a graça passar pra que ela acabe. Klaus não entendeu o porque inicialmente, afinal, o trocadilho espirituoso com o nome não foi tão bom assim. De qualquer forma, ele abriu um sorriso acolhedor esperando uma explicação, mas como ela tardava em sair, acabou aos poucos sendo contagiado pela situação e quando se deu conta, ali estavam ambos rindo sem ter qualquer motivo...

- Respostas... - Disse em meio aos risos que foram ficando mais amenos - Estava procurando respostas para o que fazer e que rumo tomar em minha vida... Terminou ele enquanto enxugava as lágrimas do riso...

- É meu amigo - Completou o nórdico também enxugando os olhos - Não é a toa que dizem pra gente ter cuidado com que deseja, quando menos se espera pode acabar conseguindo...

Poeticamente, ao mesmo tempo em que terminou a frase, o barulho da fechadura se abrindo ecoou no recinto. Steve deu um pulo meio que se arrastando para o lado de Klaus devido ao susto e este por sua vez mesmo estando de frente para a porta, não notou a chegada silenciosa do vulto que se revelava na forma de uma mulher baixa, mas de curvas voluptuosas, músculos rígidos e bem definidos. Era Phantom, ela trazia consigo uma bandeja de madeira rústica com duas tigelas com comida e dois canecos de água. No inicio ambos ficaram ressabiados, mais devido a fome que estavam, não fizeram muita cerimônia e sem o mínimo de protocolo devoravam o que lhes foi oferecido...

A jovem nativa americana não conteve um breve sorriso que por um instante a fez parecer com uma garota humana normal, se divertindo ao ver os rapazes brigar por um pedaço de pão. Mas como se despertasse, logo ela se recompôs e pediu de forma séria que eles não fizessem barulho:

- Shhhh, vocês não querem acordar os outros querem? Se ao menos desconfiarem que trouxe isso pra vocês, mal quero imaginar o que pode acontecer com nós três... disse ela olhando pra fora da grade pelo corredor escuro, conferindo se alguém estava vindo...

Aquele frase realmente deixou os rapazes confusos. Ela estava ali por conta própria, arriscando o pescoço a troco de que? Depois daqueles tiros no “barstow” a primeira coisa que veio a cabeça de Steve foi a dúvida congelante de que aquilo estaria envenenado e que agora era tarde demais para se arrepender. Já Klaus até tentou formar uma opinião própria sobre o assunto, mais assim que ela virou de costas, suas suposições foram interrompidas pela curiosidade de se lembrar se ele já tinha visto uma nádega tão rígida e generosa como aquela... Meio engasgado pela surpresa dessa situação inusitada Steve perguntou sussurrando:

- Eles realmente não sabem que você está aqui?

- Não - Respondeu ela balançando a cabeça

- E por que está fazendo isso? novamente indagou o sul americano

- Primeiro por que eu sei o que é passar pelo que vocês estão passando, eu me lembro de como foi meu primeiro dia dentro dessa matilha... É lógico que pelo fato de eu não ter cometido a idiotice de debochar do Honcho, as coisas foram bem mais amenas, mas não menos confusas e assustadoras. Segundo, por que eu gostaria de ter tido a chance de pelo menos saber de toda a verdade e fazer minhas próprias escolhas antes de fazer parte disso tudo... - Disse ela em tom de pesar

- Quer dizer... que Honcho mentiu? - emendou o jovem confuso...

- Não, mais omitiu e assim continuará até ser tarde demais...

- Como assim? interessou-se Klaus

- Não somos os únicos de nossa espécie híbrida de carne e espírito, existem vários lobisomens espalhados não só pela America, mas pelo mundo e vocês são a prova viva disso... Cada um deles está unido a um grupo de outros urathas pelo laço inquebrável da matilha e juntos carregam o fardo da lacuna deixada por Urfarah no equilíbrio dos dois mundos. Além disso, existem laços de ideais e propósitos o qual fazemos um voto, chamamos esses grupos de indivíduos que compartilham de uma mesma visão de "tribos" e eu particularmente, fui privada dessa escolha assim como vocês serão...

- Por que? questionou imediatamente Steve

- Porque Honcho acredita que a unidade de pensamentos fortalece a matilha e evita dissidências de idéias, por isso, todos nós da matilha dos Red Knifes somos Blood Talons. Visamos o aperfeiçoamento físico e buscamos eternamente o status de os melhores guerreiros de Luna... Mas vejam bem, falando imparcialmente, isso não nos torna invencíveis no campo de batalha, é apenas um caminho que se decide trilhar e seguir por toda vida, assim como os Bone Shadows se interessam pelos segredos do mundo espiritual, os Iron Masters pelo progresso da humanidade e suas selvas de concreto, os Hunters in Darkness pela guarda de locais sagrados, os Stormlords pelo ideal de que os urathas devem estar no controle das situações do mundo ou até mesmo os Ghost Wolves que simplesmente iguinoram essas convenções sociais e tocam sua vida conforme seus próprios parâmetros...

- Meu Deus, essa coisa toda é maior do que eu pensava... Comentou Klaus...

- Realmente, apenas uma matilha não seria capaz de organizar todo o fluxo de espírito e matéria do mundo inteiro - Continuou ela - por isso as matilhas zelam e protegem um determinado território e o defende com todas as forças. O de minha matilha é este, ao sudoeste de Utah onde estamos e em breve, será o de vocês também...

- Mas a forma como Honcho age, o regime opressor que ele impõe a vocês e as pessoas lá fora, isso é realmente necessário - Disse o latino.

Phantom mostrando uma expressão de lamento continuou:

- É uma questão de ponto de vista, na concepção dele, ele os está protegendo, muitos deles tem sangue de lobo e isso pode trazer nossos inimigos até eles...

- E todas as matilhas do mundo mantêm aqueles com sangue de lobo em "campos de concentração" como esse? - Interrompeu Steve

Mais uma vez ela balança a cabeça negativamente... - Nem todo o alfa de matilha tem a postura déspota e agressiva de Honcho

- Eu sabia, e porque vocês não fazem nada? Porque não tiram ele do comando ou avisam alguém de sua tribo sobre isso?

- Tirando o mau gênio e olhando os resultados, Honcho é um bom alfa e tem nos conduzido a inúmeros triunfos, nada falta a nós e aos outros, nosso território está limpo e bem guardado, o que nos permite fazer esporadicamente alguns serviços extras para outras matilhas em territórios fora do nosso - Foi exatamente numa dessas missões que acabamos encontrando vocês naquele covil de puros no noroeste do Novo México - por isso os outros o toleram e aprovam seus metodos. Além do mais se alguem quiser tomar o posto de alfa, primeiramente seria severamente retaliado e punido, se mesmo assim insistisse nesse objetivo, teria de desafia-lo oficialmente e se provar um lider melhor e nehum de nós está sua altura, principalmente eu, a ômega da matilha. Quanto a reclamar com "alguém da tribo", como eu disse, ela é apenas uma convenção social no final das contas, onde você encontra orientação num momento de mudanças de outros como nós com os mesmo interesses que o seu... Mas cada um dos integrantes possui sua própria matilha, seu próprio território e seus próprios problemas... Comprar briga com outra matilha de destituídos ou chafurdar provas de uma possível quebra no juramento de Luna é acrescentar mais uma enorme dor de cabeça numa lista de muitas outras... Mesmo que alguém tome algum partido, embora realmente eu não concorde com tudo que Honcho faz, ninguém de fora pode interferir em nossa terra e arbitrar no que fazemos dentro dela sem pagar o preço com sangue... É o instinto do lobo e o dever de um uratha, defender seu território de quem quer que seja e honrar seu alfa e sua matilha como um todo... temos um laço, um pacto selado por um espírito e somente quando vocês fizerem parte dela irão entender a devoção implícita nisso...

- Certamente iremos, mas não aqui e agora - Disse Steve se levantando - Se existe uma opção para que eu não tenha que tolerar a ideologia feudal do velho marine eu vou busca-las até as últimas consequências...

Klaus tambem se erguendo completou concordando - É isso ai, nós não vamos nos tornar os novos capachos das vontades deturpadas dele e nem ao menos queremos tentar entender o seu ponto de vista centrado no próprio umbigo.

Em desvantagem e certamente arrependida ou incerta do seu real objetivo ali, Phatom ameaçou correr para fora da grade, mas Steve segurou sem violencia o seu braço enquanto argumentava olhando em seus olhos:

- Você não quer realmente fazer isso... Se você quisesse mesmo nos prejudicar subindo e avisando os outros, jamais passaria pela sua cabeça descer aqui, nos alimentar e o que dirá revelar todos esses segredos... De todos você é a mais sensata Lara, existem várias formas de se chegar a um objetivo e pelo que você me disse, no mais profundo do seu ser, você como eu divide a opinião de que embora os fins estejam se mostrando prósperos, os meios talvez não estejam justificando os mesmos... Sem medo de errar ou voltar atrás, eu me comprometo e afirmo a você que estou disposto a sujar as minhas mãos e ganhar minha primeira "grande dor de cabeça" corrigindo isso, não importa a que preço ou quanto tempo dure, ele vai pagar pelo que ele fez a você, a nós e a qualquer um dos sangue de lobo que tambem tenha ferido. Podemos buscar ajuda e fazer o que é certo e nesse instante, só você está a minha frente e pode evitar que eu parta em busca disso...

Só você pode nos impedir, da mesma maneira que ele fez com você te privando de suas escolhas e objetivos, o que sem mais delongas, nos leva a uma inevitável pergunta cuja a resposta pode mudar pra sempre nossos destinos; Você quer mesmo fazer isso?

2.5.08

Capitulo 1 - Parte 3

Answers And Choices 03/07



Qualquer ser humano normal morreria em questão de minutos após um golpe tão preciso e violento como aquele. Seja pela extensão dos danos internos ou simplesmente por sangramento. O sul-americano tinha consciência disso, e ao mesmo tempo em que o nórdico recebia a lâmina em seu peito, um sonoro: - NÃOOO!!!!! - a plenos pulmões explodiu da garganta de Steve, enquanto corria impulsivamente em direção ao carniceiro, afim de atingilo-lo com uma furiosa e desesperada voadora. Mas antes mesmo que pudesse alcança-lo, em meio a sua trajetória, ele foi brutalmente interceptado e devidamente contido por Snap e Grunt.

Como se nada estivesse acontecendo ao seu redor, o fuzileiro levantou-se e seguiu calmamente em direção a mesa de madeira repleta de restos e pratos sujos. Em um dos poucos espaços vagos, deixou a faca manchada de sangue e puxou uma de suas cadeiras. Virou-a de modo que ficasse na direção do agora ajoelhado e agonizante Klaus e em seguida sentou-se, passando a observar fria e atentamente seu sofrimento. Um simples gesto de mão de sua parte, foi o suficiente para que Ranger entendesse o recado de seu líder, como se seu pedido tivesse sido enviado por telepatia. De pronto o asiático trouxe um espelho de quase um metro por vinte centímetros que estava pendurado na parede e colocou-o diante do norueguês, para que ele contemplasse com seus próprios olhos o enorme estrago que havia sido feito. Klaus chorava como um menino achando que aquele seria realmente seu fim, enquanto Steve se debatia inconformado com tamanha brutalidade, obrigando Snap a ser ainda mais contundente, o que por conseqüência provocou mais momentos de dor intensa com requintes de crueldade para o latino.

Um outro movimento quase imperceptível da cabeça do alfa, fez com que Phantom saísse de seu lugar e fosse para trás de Klaus e puxasse com firmeza seus longos cabelos loiros, para que ele não perdesse se quer um detalhe de seu martírio. Assim passaram-se vinte infindáveis minutos de tortura psicológica, de silencio por parte deles e de gritos e choro vindos de Klaus. A situação oprimia enormemente Steve, afinal, seria aquele o fim de ambos? Embora ele já tivesse visto o gigante nórdico sair de uma situação pior que aquela, ele começava a se questionar o quanto eles poderiam suportar nas mão daqueles "sádicos"...

Passados mais alguns minutos, uma sensação de ardência e formigamento impregnou os ferimentos de Klaus, o que imediatamente o fez prestar mais atenção ao espelho para entender o que estava acontecendo em seu corpo. Steve já tinha consciência do "milagre" da regeneração, mais aquela era a primeira vez que Klaus em sã consciência, realmente contemplava com seus próprios olhos a "mágica" acontecendo. Ele mal podia acreditar em seus olhos, assombrou-se com o sangue aos poucos parando de escorrer e lentamente a carne se fechando e cicatrizando de forma perfeita como se nada tivesse acontecido. Sua expressão era de puro espanto, estava completamente perplexo e agora mais do que nunca, estava em busca de explicações lógicas para tudo aquilo. Um turbilhão de imagens novamente passou pela sua cabeça, enquanto as palavras do fuzileiro sobre a sua natureza ecoavam em seus pensamentos... Tudo que ele imaginava ser apenas um sonho, como as visões e a carnificina no bar havia sido real. Klaus imediatamente urrou tentando negar a verdade que se escancarava a sua frente, ele quis despertar daquele horrível pesadelo, mas não era possível. Pela primeira vez em sua vida ele sentiu o imenso arrependimento de ter tirado uma vida humana. Transtornado, conseguiu apenas murmurar com os olhos marejados que aquela não havia sido sua intenção...

Steve estava nitidamente físico e mentalmente abalado, não só por aquela cena, mas por tudo que acontecera e havia sofrido até então. Mas ainda assim conseguiu reunir coragem o suficiente para fazer a pergunta que até então o consumia por dentro. Procurou limpar sua mente e acalmar-se, respirou fundo e tirou junto com a tensão o imenso nó que embargava sua garganta e impostando sua voz em um tom determinado, olhou fixamente para o fuzileiro e questionou:
- Por que eu? Por que dentre tantos rapazes naquela noite você a ordenou que me amaldiçoasse? - disse apontando para Phantom - O que nós fizemos para merecer isso ?

Honcho abriu um sorriso sarcástico e calmamente respondeu:
- Você realmente acredita que as coisas acontecem assim soldado? Acha mesmo que ela seria capaz de conceder a você a chance de se tornar uma maquina perfeita de combate apenas com uma mordida como rezam as lendas? De longe isso é uma maldição... um fardo talvez, mais o qual carregamos com orgulho. Não deixe que os sentimentos que esta sentindo nesse momento obscureçam seus instintos. Procure dentro de você, a muito você já sabe a resposta, apenas não se permitiu aceita-la...

Embora algo estranhamente em suas palavras fizesse sentido, o sul americano continuou a questionar o fuzileiro: - Maquina de combate perfeita? - Steve riu sacasticamente para não chorar do ponto de vista do alfa - Você quer mesmo que eu veja o fato de agora ter que conviver com um monstro dentro de mim como uma dádiva? Eu já deveria imaginar que era exatamente assim que você devia se sentir; a fera invencível, o guerreiro definitivo, o líder intocável infinitamente poderoso e inquestionável... Você se orgulha ao mesmo tempo em que se escora em sua força e como pode subjugar as pessoas com ela não é verdade? Da pra ver isso estampado nos olhos das pessoas que o cercam, principalmente daqueles miseráveis prisioneiros do prórpio medo no acampamento... Aposto que você se sentiu o "grande predador" ao mandar seus subordinados me encurralarem covardemente e me torturem durante dias como um animal depois do seu infalível plano de captura ter dado certo. Aqui estamos de novo, parece que o sadismo de vocês não tem fim não é verdade? Só me pergunto aonde estão os outros agora? Por que a familia não esta completa para ajudar a humilhar seus "novos membros"?

Grunt ameaçou cala-lo, mas Honcho o atropelou antes que fizesse qualquer coisa: - Já chega - disse em um tom imperativo, enquanto caminhava em sua direção a passos firmes com o dedo em riste: - Filhote insolente, não nos insulte nos confundindo com aquela láia de covardes chorões, você devia nos agradecer por termos te salvado daquele cativeiro. Muitos de nós ganharam cicatrizes que ainda doem durante as noites frias que açoitam essas montanhas naquele dia. Aqueles malditos eram "Puros" intrometidos, sua condição atual nada tem haver com Phantom moleque estúpido, pelo contrario, graças a ela pudemos te localizar pelo gosto de seu sangue e enfim leva-lo para um lugar seguro longe do quintal daqueles bastardos, embora você não tenha permanecido lá para ouvir a verdade depois disso...

- Passei por situações muito piores das quais vocês se queixam nas selvas da Amazônia, antes mesmo de imaginar fazer parte de tudo isso soldado, aquilo sim era o inferno... e ao invés de choramingar negando meu destino como vocês insistem em fazer, eu o abracei, aceitei o que eu sou e a partir de então faço tudo o que for preciso para manter o meu território limpo... Custe o que custar, doa a quem doer e NINGUÉM aqui dentro dessa sala, principalmente um fedelho como você, vai questionar meus métodos. Lembre-se sempre disso e guarde esse dia em sua memória. Se não soubesse que Luna o tocou sob a lua dos juízes, e que ainda é ignorante diante de nossos preceitos, certamente eu já teria arrancado a sua língua e feito você a engolir por colocar em dúvida minha conduta sobre os meus... Quero que fique bem claro, e que todos aqui sirvam de testemunha que se isso se repetir novamente moleque, você não terá mais nenhuma tolerância da minha parte... A minha palavra dentro dessas terras é LEI... ESTAMOS ENTENDIDOS?

Algo no âmago de Steve, gritava que ele não estava cem por cento correto, principalmente no tocante as pessoas lá fora, totalmente oprimidas. Mas mesmo assim, tentando camuflar o ar contrariado, consentiu com a cabeça para evitar mais problemas. Honcho então virou-se e esfregando as mãos no rosto, caminhou em direção a janela buscando acalmar-se. Ninguém se atreveu a se quer respirar um pouco mais alto até que ele tornasse a se pronunciar. Alguns minutos se passaram até que o fuzileiro ainda com o olhar perdido nas estrelas, em um tom de voz mais calmo e quase profético, voltou a falar:

- Tudo que nós fomos e tudo que nós somos, começou em Pangaea. Ao contrário do que falam os geologistas, ela não era o agrupamento de continentes, mas o mundo em sua primeira forma. Onde espíritos podiam entrar no reino da carne facilmente, e animais e humanos podiam caminhar até a refrescante sombra do espírito do mundo. Não há um consenso até mesmo para os mais antigos de nós se Pangaea era um lugar, um tempo ou ambos... Tudo que sabemos é que ela era gloriosa, e que foi perdida. Pangaea certamente foi gloriosa, mas ao contrário do que se pode imaginar, ela não era um mundo de paz perfeita e gentileza. Ela era um mundo de caçadores, presas e predadores. O leão ainda caçava o cordeiro e o espírito ainda tomava o que precisava do mundo da carne. A morte fazia parte deste paraíso da caça, e o maior de todos os predadores era Urfarah, o Pai Lobo. Ele era um guerreiro do Reino das Sombras e do sólido mundo do ar e da terra. Ele patrulhava as fronteiras do mundo físico, mantendo tudo em seu lugar. Espíritos invadiam o mundo da carne, mas não avançavam muito longe, nem por muito tempo. Urfarah estava sempre pronto para perseguir qualquer espírito que se demorasse na terra. Quando necessário, suas presas e garras forçavam mortais e animais de volta à relativa segurança do mundo da carne, caso eles avançassem muito no mundo dos espíritos. Seu coração ardia com convicção e força sobrenatural. Ele foi o primeiro de nós, e o maior de todos...

Por trás de todo grande guerreiro existe sempre uma grande figura feminina e com Pai Lobo não poderia ser diferente, ele apaixonou-se por Luna – Amahan Iduth – desde quando ela cruzou os céus pela primeira vez e o contagiou com seu brilho. Reciprocamente encantada com o mundo que crescia abaixo dela, a senhora da noite tomou a forma de uma belíssima mulher de carne e desceu à terra. Urfarah ficou desorientado de alegria e paixão quando a encontrou caminhando entre a fronteira do mundo físico e espiritual. Para sua satisfação, prontamente seus sentimentos foram compartilhados. Mãe Luna o considerava valente e sábio, além de forte e belo. Então ela o amou em resposta. Dessa união, embora estivesse usando um corpo humano, ela deu a ele nove filhotes feitos tanto de carne quanto de espírito; que vieram a ser os primeiros lobisomens. Da mãe prateada, nossos ancestrais receberam o poder de mudar de forma, assim como ela muda a sua própria. De nosso Pai, eles receberam sentidos, força e velocidade muito além da dos lobos nascidos de carne. E de ambos, receberam uma quantia de poder espiritual, pois Mãe Lua era a Rainha da Sombra e Pai Lobo era o Senhor das Regiões Fronteiriças.

Depois de nascidos seus filhos, Luna voltou ao firmamento e Pai Lobo educou a Primeira Matilha para auxiliá-lo em seus deveres como guardião. Ele ensinou aos primeiros Uratha os modos do lobo e do homem, da carne e do espírito. Ele lhes mostrou as estradas do Reino das Sombras nas florestas, montanhas e desertos até o mundo da carne, em trilhas abertas pelas tribos dos homens. Eles aceitaram seus deveres e ajudaram a trazer ordem tanto ao mundo do espírito quanto ao da terra. Eles foram pastores de humanos, animais e espíritos. Eles abatiam qualquer rebanho, tribo ou matilha que ficasse muito grande ou perigosa, assumindo o papel de lordes entre os predadores.

Obviamente, alguns espíritos e tribos da humanidade não concordavam com tal tratamento. Alguns retaliavam com todas as forças. E seja por força dos números, mágica ou astúcia, alguns deles não seriam destruídos tão facilmente. Mesmo assim, Pai Lobo e sua matilha conseguiram expulsar os piores deles para regiões distantes do Reino das Sombras, incluindo espíritos poderosos, seus asseclas e tribos de homens que veneravam poderes negros que cometiam crimes blasfemos contra ambos os mundos. Outros, como o Rei das Pragas e a Bruxa Fiandeira, se opunham ao Pai lobo enquanto estavam em vantagem e fugiam astuciosamente quando percebiam que não podiam derrotar toda sua matilha...

Por eras nós fomos os senhores da aurora do mundo. Nossa grande força e nossa habilidade de mudar de forma nos permitiam subjulgar qualquer homem ou criatura. Poucos predadores podiam nos desafiar. Nenhuma presa podia nos escapar. Até os mais fortes dos mamutes e mais ferozes dos predadores não eram páreo para uma matilha de lobisomens. Eram tempos sombrios para a humanidade, mas era nossa época de glória, uma era dourada pintada com o sangue brilhante de nossas presas. E, como toda era dourada, estava condenada a terminar...

Passaram-se muitos e muitos anos, mais do que podem ser contados, mas gradualmente Pai Lobo começou a perder sua velocidade e vigor. Suas presas começaram a perder o fio aguçado, e sua sabedoria já não alcançava tão longe. Cada vez mais espíritos conseguiam escapar de sua atenção, erguendo seus terríveis reinos entre os humanos e engordando com poder roubado do plano material. Quando finalmente ele encontrou estes auto-intitulados deuses do sofrimento e gula, ele levou mais tempo do que deveria para executá-los e alguns até conseguiram escapar – enfraquecidos pelo conflito, mas ainda assim livres para continuar seus banquetes em uma nova ocasião. Por conta disso, gradualmente, Pangaea estava se tornando um paraíso para os espíritos e para aqueles humanos que aceitavam sua soberania e um purgatório para todo o resto. Nossos antepassados viam tudo isso com apreensão, e dúvidas sobre o que fazer passaram a lhes remoer a alma...

Por acaso algum de vocês sabem o que acontece quando uma matilha de lobos não sucede mais em suas caçadas porque seu lobo alfa é muito lento, fraco ou cego para liderar? - Perguntou Honcho virando-se calmamente para os rapazes - Ou a matilha morre, ou o alfa deve ser substituído? - Respondeu Steve.

- Exatamente - Exclamou o fuzileiro, mas de forma ponderada - Esta era a mesma questão, mas o que estava em jogo era o mundo inteiro. E para garantir um bem maior, o que se seguiu foi horrível e não deveria ser necessário, mas foi... Entendam rapazes, todo Espírito tem votos, leis invioláveis que governam sua própria natureza. Por exemplo; um espírito da dor é proibido de curar uma criatura viva. Pois bem, Pai Lobo era um dos mais poderosos espíritos da Criação, mas mesmo assim, ele como qualquer outro espírito, também tinha um voto. Ele sentia tamanha devoção ao seu dever que ele não podia fechar os olhos até o dia em que alguém tomasse seu lugar. A força de seu voto era tal que se houvesse alguém que pudesse lhe desafiar, ele não poderia se defender. Estórias daquele tempo deixam claro que Pai Lobo podia e com certeza mostrava suas presas contra seus filhos em disputas ordinárias de dominação. Mas se a matilha de Pai Lobo realmente quisesse lhe desferir um golpe letal, sua própria natureza o tornaria indefeso. Ele não iria ser capaz de se defender ativamente contra tamanho motim, e seu couro grosso e músculos poderosos não seriam mais que vento e chuva. Então o único modo de sobrepujar Pai Lobo seria atacar para matar. E para manter a ordem natural das coisas nós o fizemos...

No seu último suspiro, Pai Lobo emitiu um uivo que fez tremer ambos os mundos. Humanos caíram e soluçavam com o som que instilava nada além de medo em seus corações. Espíritos fugiram para seus abrigos, tomados de terror pela idéia de que alguém havia assassinado o grande e impiedoso espírito-lobo. Dizem que o lobisomem que desferiu o golpe fatal foi morto instantaneamente pela força e peso emocional o uivo. Ao ouvir o uivo-de-morte de seu amado, a própria Luna chorou de angústia e decepção, amaldiçoando todos os seus filhos que ela pôs no mundo. Esta maldição nunca seria completamente aliviada. Dizem que, naquele dia, a própria alma do planeta estremeceu. Enquanto os habitantes do Reino das Sombras e as criaturas mortais do reino físico se contorciam de terror, os dois mundos foram separados. O chão tremeu e tempestades açoitaram a terra. Gelo se deslocou do norte, e ilhas afundaram no oceano. Apartir de então, Pangaea não existia mais. Depois da Queda, o paraíso dos caçadores estava perdido para sempre...

Esta é a razão de sermos o que somos. É por isso que somos lobos e humanos. É por isso que somos filhos do Reino das Sombras, mas DESTITUÍDOS pelos espíritos. Eles nos temem, e a maioria nos odeia deste aquele dia. Eles se amedrontam e se remoem pela idéia de que criaturas parte carne e parte efêmera agora têm o poder de vigiá-los, e que um dia tivemos o poder de destruir o único espírito que todos eles temiam. Os humanos com toda certeza enlouqueceriam se soubessem que nós não somos apenas ícones do cinema, mas criaturas reais que caminham entre eles... Por isso daquele dia em diante, nós assumimos de fato o manto da responsabilidade de equilibrar os dois mundos e mante-los a salvo. Patrulhamos implacávelmente o mundo espiritual, e por esse motivo alguns espíritos são nossos maiores inimigos. Em contra partida, nós fazemos o melhor que podemos para impedir que os humanos enfraqueçam o mundo espiritual, e certamente eles também nos desprezariam por isso se tivessem ciência. Até mesmo nossos próprios irmãos se voltaram contra nós nessa cruzada, incessantemente nos acusando por ter feito aquilo que eles não tiveram coragem e compaixão de fazer pelo mundo. Aqueles que se auto intitulam como Puros não participaram da caçada ao Pai e ainda hoje choramingam sua morte como velhas viúvas... Somente nossa instável Mãe Luna e nossos totens-lobo estão do nosso lado agora soldados, mas é mais do que o suficiente acreditem; pois nós somos o Povo. Nós somos Urathas. Nós somos os lobos que caçam em ambos os mundos...
E que os céus tenham piedade não de nós, mas daqueles que atraírem nossa fúria se colocando em nosso caminho...

21.2.08

Capitulo 1 - Parte 2

Answers And Choices 02/07



Confusos, feridos e sob a mira de uma arma de grosso calibre. Assim caminhavam Steve e Klaus, rumo a um destino incerto. A tarde caia e um tom púrpura passava a dominar os céus. O dia se despedia atrás das enormes montanhas, enquanto aos poucos a lua ascendia trazendo a escuridão do anoitecer. Ao longe, ambos puderam notar as luzes dos primeiros lampiões do grande acampamento começando a serem acesas. A primeira vista, tudo parecia quieto e normal naquele lugar, mas repentinamente tudo mudou quando o primeiro habitante local os avistou se aproximando dali...
Imediatamente um pequeno tumulto se iniciou. Pessoas com trajes simples, de aparência abatida e covarde, passaram a correr freneticamente em busca de abrigo, pegavam itens de necessidade as pressas e arrastavam os filhos pequenos para dentro das cabanas, como se um furacão estivesse prestes a passar pela região. Um clima de tensão extrema dominou o ambiente. Por onde quer que passassem os três, portas eram fechadas, o caminho ficava deserto e nada se ouvia a não ser murmúrios de preces e o choro das crianças sendo abafado pelos pais. Klaus chegou a gritar pedindo por socorro, deixou claro que estava sendo levado contra a sua vontade e implorou para que chamassem as autoridades, mas não ouve uma reação sequer por parte deles...
O homem com o fuzil na mão nem mesmo repreendeu o nórdico pela atitude, apenas sorriu sarcásticamente e deixou que o rapaz percebesse por si só a amarga realidade de que os moradores nada poderiam fazer para salva-los, e que a partir dali, nada nem ninguém poderia livra-los do inevitável destino que lhes estava reservado, seja ele qual fosse. Steve não ficou tão inconformado como Klaus ao ver o consentimento covarde das pessoas que não se mobilizavam após tantos apelos. O sul americano já havia passado por maus bocados no seu primeiro cativeiro e tentava apenas manter sua mente focada nos detalhes que poderiam realmente ajudar ambos a sair daquela situação. De certa forma ele até previa esse tipo de comportamento, bastava encarar mais atentamente os olhares assustados e carregados de medo por entre as frestas das portas, era clara a impressão de que embora as pessoas ali estivessem aparentemente "livres", irônicamente pareciam estar tão cativas quanto eles.
Enquanto o nórdico dava seu show, xingando e amaldiçoando aqueles "covardes inúteis", o latino apenas seguia buscando decorar o caminho, a posição das cabanas, lugares onde pudesse se esconder e coisas do tipo para uma eventual fuga. Além disso, nada restou-lhe a fazer a não ser continuar caminhando para a que pareceria ser a maior e melhor construída de todas as cabanas daquele acampamento, onde certamente ele encontrariam todas as respostas que tanto almejava...

Ao chegarem diante da entrada, Steve parou e hesitou prosseguir, ao ver que ali dentro, no final da sala próxima a porta que dava para o cômodo seguinte, estava a índia que segundo sua concepção, o havia colocado dentro daquele infindável pesadelo. O homem silencioso que os escoltava, demonstrando ter perdido toda a curta paciência que possuía durante o percurso, de pronto desferiu um golpe com o cano do fuzil em suas costelas, empurrando-o a força para dentro do recinto, fazendo-o lembrar mais uma vez quem é que estava no comando da situação por ali...
Exatamente pela mesma porta que a mulher havia entrado, eles foram escoltados. A cabana tinha um ar semelhante a de uma casa de caça nas montanhas e o aposento que se encontravam agora, parecia ser um sala de jantar agregada a uma cozinha com um forno a lenha ao fundo. Uma enorme mesa de madeira nobre estava ao centro repleta pelos mais variados pratos de comida cuja o aroma fazia seus estômagos praticamente berrarem de tanta fome. Metade do que estava sendo servido naquela refeição certamente já poderia deixar o simples status de "fora dos padrões da normalidade" e assumir imediatamente o de "estandarte em nome da fartura"; Leitão com batatas, perú ao molho curry, Carneiro ao molho madeira, ovos mexidos, bacon, entre varias outras iguarias que preenchiam completamente o móvel de aproximadamente três metros por um e meio.
O fato mais estranho ali certamente não era a quantidade de alimentos e sim o de que apenas um homem estava se deliciando com o banquete, enquanto a indígena, um homem branco, forte e careca e outro rapaz de estatura mediana e traços asiáticos (muito parecido com o que havia atirado em Steve no "El Rancho" por sinal) que ja estavam na sala, embora parecessem estar com muita fome, apenas permaneciam em volta da mesa com o olhar vago, perdido pelo chão. Não era necessario muito "QI" para deduzir que o homem que se fartava solitáriamente, de certo era o "líder da gangue". Ele tinha o porte, os traços e a vestimenta de um típico fuzileiro do exército americano. Pele branca queimada pelo sol, cabelos bem ao estilo militar e um colete das forças armadas com algumas granadas penduradas. Ele parecia nem se importar com a presença de todos a sua volta. Sem o menor peso na consciência ou senso de coletividade, as partes nobres da carne, do perú e carneiro, além do melhor do que estava na mesa ele retirava e colocava em seu prato ou próximo a ele. Por vários minutos nenhuma palavra foi dita, Steve e Klaus permaneceram ali, de pé, famintos, sujos, cansados, apenas observando tensos ainda sem saber o que estava por vir. O silencio do recinto foi quebrado uma única vez, apenas por alguns instantes, pelo enorme ronco vindo do estômago do gordo com o fuzil na mão, que mal soube como esconder sua vergonha quando recebeu o olhar frio e carregado de condenação do fuzileiro, que em seguida voltou sua atenção para mesa e só tornou a olhar para todos novamente quando terminou de comer tudo que havia separado para si. Só então ele puxou uma cadeira a seu lado e com um sinal com a mão direita convidou o homem que escoltara os jovens até ali:

- Sirva-se Grunt disse o homem... e com um sorriso discreto, ele rapidamente atendeu. Passou o fuzil para o careca e sentou-se ao lado do líder comento o que ainda havia sobrado de bom na mesa. Partes não tão nobres da carne, um pouco do que restou do peito e uma coxa já mordida do perú e praticamente todo bacon. Um a um era convidado a sentar-se a mesa após que o último a se sentar sentia-se satisfeito. O careca, o asiático e por fim, quando restavam apenas os restos de carne, os ossos da ave e batatas, a índia foi chamada para sentar-se e alimentou-se como pode com as sobras.

Apenas então o fuzileiro dirigiu a palavra aos garotos:

- Vou ser direto com vocês, meu nome é Honcho, eu sou um uratha, um lobisomem na linguagem popular, um filho de Urfarah, assim como vocês dois. Eu sou o alfa desta matilha. Por toda a extenção das Rochosas e além delas, somos conhecidos como os "Red Knives". Este é Grunt, disse apontando para o gordo, aquele é Snap, mostrando o careca com porte físico considerável, Ranger, o ressabiado oriental e por fim Phantom, a garota com traços indígenas... Em breve vocês também farão parte de nossa matilha, sintam-se honrados e façam por merecer essa chance. Amanhã logo pela manhã, realizaremos o ritual de invocação para que o "lobo rastreador" nosso totem, prove o valor de vocês e os aceite como patrono, para que possamos enfim te-los como membros efetivos dentro de nosso território...

Klaus abismado, contento os risos, interrompeu imediatamente dizendo: - Calma ai camarada, que historia é essa de matilha e membros efetivos? Eu não pretendo ficar mais nem um minuto aqui por vontade própria, se isso for um sequestro "Sr Manda-Chuva", pega o telefone agora e faz seu preço, mais eu quero sair daqui o quanto antes entendeu? Eu tenho uma carreira pela frente e não tenho tempo a perder pra brincar de "Mogli o menino lobo e seus amigos". Se o seu problema é companhia, tenta o "myspaces", "disk sexo", um psiquiatra ou quem sabe se tudo falhar, suicidido... é serio brother, outro conselho seria talvez se depois do seu "tapinha na pantera", quando bate aquela "larica" lascada antes de tomar seu "gardenal", você deixasse de bancar o idiota sem noção que come mais do que os olhos enquanto as visitas passam vontade, quem sabe talvez você tivesse mais do que esses quatro paspalhos como amigos se voce tivesse um pingo de educação..."Urvatas", hahahahaha, essa foi ótima, eu já entendi tudo ok? Eu é que não vou cair nessa maluquice sua, não vou mesmo, aliás, onde é que estão as câmeras, isso só pode ser uma brincadeira, "okay, okay", vocês me pegaram, eu admito... O tiro na perna do garotão ali realmente pareceu de verdade e quase eu me caguei nas calças, juro pra você, agora será que dava pra me soltar? Tipo, com todo respeito, eu nunca ouvi falar desse tal "Urfafa", meu pai se chama Hans brother e eu sinto muito, mais muito mesmo em te desapontar com a noticia que não sou lobisomem cara, pode acreditar, algumas mulheres até falam que eu sou um cachorro, mais acho que pra vocês isso não serve né?

Steve abaixou a cabeça e a balançou negativamente enquanto Ollendorf ainda sorria esperando algum sorriso de aprovação. Pelo olhar, Honcho levantou-se disposto a mata-lo pela insolência. Puxou uma faca que deixaria o próprio Rambo com inveja e a colocou na garganta do norueguês por alguns instantes. Não, o fuzileiro não estava se contendo, apenas parou para pensar melhor no que ele iria fazer com o engraçadinho. O clima ficou extremamente tenso e nem os próprios membros da matilha conseguiram esconder o olhar assustado ou prever o que poderia acontecer a partir de então...
Com um impiedoso golpe horizontal, o alfa da matilha lascerou a carne do rosto do europeu, abrindo-lhe literalmente um sorriso de orelha a orelha. A trajetória da lâmina fez o sangue respingar no latino, que negou-se a observar o que poderia vir em seguida. Ainda insatisfeito e cheio de raiva, Honcho furiosamente gravou a lâmina no meio do peito de Klaus e desceu violentamente até a altura do umbigo, quase deixando seus intestinos caírem pelo chão. Enquanto nem mesmo seus comparsas conseguiam esconder a perplexidade, ele agachou e com um ar psicopata olhou nos olhos carregados de pânico do norueguês e disse:
- Eu vou continuar a minha historia, e dessa vez, eu não vou querer interrupções...
Nota do Autor: Os vizinhos humanos desta matilha imaginam que eles sejam uma seita de "sobreviventes apocalípticos". Na verdade, os Adagas Vermelhas não acreditam em nenhum apocalipse, mas não se importam de serem chamados de sobreviventes. Os Adagas e suas famílias vivem da terra, caçando e cultivando sua própria comida. E então, nas noites em que a lua brilha, os Adagas Vermelhas deixam sua terra, caçando um tipo diferente de presa. eles levam a sério seus deveres espirituais, de um modo que só os Garras Sangrentas (Blood Talons) são capazes. Seja um urso possuído próximo demais de suas fronteiras ou um acampamento que não apagou sua fogueira apropriadamente, os Adagas Vermelhas protegem seu território agressivamente. Ocasionalmente, uma caçada os afasta de seu lar para partes diferentes do mundo. Eles planejam todas as suas missões com eficiência militar. Toda a matilha, mesmo aqueles que nunca prestaram serviço militar, usam com frequência gírias militares em suas conversas.



HONCHOO alfa dos Red Knives, era um valoroso fuzileiro naval antes de conhecer seu verdadeiro destino. Durante anos, serviu com orgulho o exercito dos Estados Unidos. Na função de seu dever, por diversas vezes arriscou a própria vida pelo bem de sua pátria. Devido sua grande eficácia e coragem, ele constantemente era designado para a linha de frente do combate, o que o credenciou para algo maior, uma missão considerada até hoje "não oficial" pelo alto escalão do exercito. Honcho foi enviado em uma cruzada contra as drogas em plena selva Colombiana. Lá em meio ao fogo cruzado, Honcho perdeu todos os seus homens e viu a morte bem de perto ao também ser violentamente alvejado pelo inimigo. Mais ao contrario deles, Honcho se levantou novamente só que na forma de uma maquina de combate gloriosa a qual sempre sonhou em se tornar ao sofrer sua primeira transformação. Quando recuperou novamente a consciência, ele estava em volto a um rio de sangue e uma pilha de restos humanos. Secretamente ele foi trazido de volta e liberado sem nenhuma conseqüência, claro que se a missão "realmente tivesse acontecido oficialmente" ele de certo ainda estaria enfrentando a corte marcial.

Na forma humana Honcho não pode ser confundido com outra coisa a não ser um soldado. Os ombros largos, o corte de cabelo, a postura tornam a associação obvia a primeira vista.
PHANTOM
Lara "Phantom" Garcia é a "expert" em infiltração do time. Enquanto Ranger cuida do trabalho furtivo nas matas, Lara caça nas cidades. Lara é filha de uma família descendente de índios Navajo de classe média, proprietária de um pequeno hotel turístico no Novo México. Sua família trabalha duro no negócio, mas mesmo assim não tinham recursos o suficiente para mandar todos seus irmãos e irmãs para a faculdade. Sendo assim, todos tiveram de servir o exército. Lara foi uma das primeira mulheres a participar de treinamentos de combate para ambos os sexos,mas foi incapaz de servir nas linhas de frente, o que a fez pedir baixa. Após a dispensa, algo nela estava mudado, ela perdeu seu horizonte e mergulhou numa espiral de bebida e violência, pois não conseguia mais se adaptar à vida civil. Então, numa briga de bar em Laramie, tudo foi explicado.

Phantom tem uma estarura mediana para uma mulher, mas completamente em forma e musculosa. Seu cabelo é mantido bem curto como de um homem a mando de Honcho. Como o resto de sua matilha, ela mantem uma postura militar que a vida civil (e de lobisomem) parece não poder mais apagar.

GRUNT
Muitos urathas pensam que Grunt é mudo, mas ele simplesmente não fala muito. Grunt não discute seu passado, mesmo que a rede de cicatrizes em seu corpo sugira que sua vida antes da Mudança fosse menos que pastoral. Grunt era o que muitos chamariam de um soldado perfeito. Ele é temerário e obedece sem questionar. Alguns imaginam se há algo que ele não faria se Honcho lhe pedisse. Outros estremecem por saber que não há.

Ele é o artilheiro da matilha, e só fala quando apresenta o seu mais novo explosivo ou armadilha. Grunt é grande, corpulento. Suas mãos enormes são capazes de surpreendente destreza e precisão.

RANGER
Apesar de Ranger não ter prestado serviço militar, ele considera a estrita hierarquia militar reconfortante para sua natureza lupina. O papel dele na matilha é o de escolta. muitas das batalhas da matilha começam com Ranger surgindo da escuridão para rasgar a garganta de um patrulheiro antes que ele possa soar o alarme.

Ranger é chino-americano, mas ele prefere sua foram urhan, um lobo cinza esguio. Seus companheiros sabem seu nome humano, mas também sabem que nunca devem usá-lo. Ele se recusa veementemente a falar de sua vida anterior à mudança, pois "aquela pessoa era humana, mas eu não sou".

SNAP
Snap recebeu este nome por causa de seu som favorito, que é o de ossos quebrando. Ele é o especialista em combate corpo-a-corpo do time, e às vezes arrogante o suficiente para começar uma batalha na forma hishu. Se receber um golpe sólido, ele muda para outra forma mais razoável e pára de brincar com o seu oponente. Snap, como ou outros membros da matilha, usa roupas militares com uma insígnia de uma grande mão segurando uma faca que pinga sangue.

Ele têm mais de 1,80 m e ombros largos. sua pele é clara e ele raspa todo o cabelo na forma hishu



TOTEM: Lobo Rastreador
Poder 4 Finesse 2 Resistência 3
Vontade 7
Essência 15
Iniciativa 5
Defesa 4
Velocidade 13 (base7)
Tamanho 4
Corpus 7
Influência: floresta1 caça1
Númina: visão material, sentidos selvagens
Bônus: investigação1 (dado) especialidade-sobrevivência caçar (dado)
Voto: Membros precisam realizar uma caçada ritual uma vez por mês, usando apenas as habilidades da forma urhan.

14.2.08

Capitulo 1 - Parte 1

Answers And Choices 01/07



Sul de Utah, nas proximidades do Zion National Park.
Após 6 horas de viagem e aproximadamente 14 horas desacordados...


O brilho do horizonte alaranjado produzido pelo cair da tarde, penetrava por entre as frestas do rústico galpão de madeira, na forma de raios esparsos. Um deles, incidindo diretamente no rosto de Klaus Ollendorf, fez com que aos poucos ele recuperasse os primeiros sinais de consciência. A primeira sensação que sentiu ao acordar foi calor, estava realmente quente ali dentro. Em seguida, uma tremenda dor de cabeça que começou apenas como uma pontada e conforme despertava, ela progrediu aos poucos e piorou com a claridade, não permitindo ao menos que ele mantivesse os olhos abertos para averiguar melhor onde estava. Por fim, ao tentar se levantar, uma escruciante dor muscular que se estendia por todo seu corpo se fez presente e tornou o simples movimento de se erguer e sentar-se, num ato hercúleo repleto de dor. Nesses primeiros instantes de sofrimento Klaus desejou perder a consciência outra vez, ele sentia como se uma manada de búfalos o tivesse pisoteado até os cascos sangrarem...

Em meio a abafados gemidos de agonia, o nórdico escorou-se com dificuldade na parede de madeira maciça e lentamente colocou-se de pé. Com as pernas ainda dormentes, dirigiu-se passo a passo para uma das frestas maiores na parede, para tentar saber "aonde raios" ele estava.

Haviam apenas vagas lembranças em sua memória do dia anterior, um show num pequeno bar de estrada, bebidas em excesso, um um mal estar repentino e pra encerrar com chave de ouro, uma briga daquelas "pra ninguém botar defeito comendo solta" no saloon. Pela dor que sentia, Ollendorf imaginou que os caras que o haviam derrubado deveriam ser bem fortes e pelas extensões dos hematomas, sentiu-se grato por ainda estar vivo. Olhando para fora, a primeira coisa que lhe saltou as vistas, foi uma enorme cadeia de montanhas com um tom tão alaranjado ou mais do que o próprio por do sol. Além disso, havia um pequeno rio envolto por uma vegetação não muito densa e um acampamento com alguns "trailers" e cabanas rusticas, de construção semelhante ao galpão que ele se encontrava. Após uma pausa para se recompor, Klaus seguiu penosamente em direção a porta e forçando-a, percebeu que ela parecia estar trancada pelo lado de fora. Ele ensaiou um; "Olá, alguém pode abrir?" Mas seus pulmões estavam o matando de dor, o que o impediu momentâneamente de gritar com mais entusiasmo. Exausto e com todos seus membros latejando, ele sentou-se no banco mais próximo que conseguiu chegar antes de suas pernas fraquejarem e desabou dando um longo suspiro de alívio.


Sem ter o que fazer ou ter para onde ir, Ollendorf passou despreocupadamente os olhos pelo ambiente sem janelas aonde estava confinado. Reparou no canto oposto do cômodo, mais uma cama que parecia estar sendo utilizada. Calmamente ele esfregou as mãos nas vistas, ainda um pouco sensíveis aos feixes de luz e realmente constatou que por debaixo do lençol esfarrapado, havia alguém no mínimo respirando. Então novamente ele reuniu forças e levantou-se apoiando em seus joelhos. Caminhou vagarosamente até a borda da cama e retirou o lençol sem fazer cerimônia. Um jovem atlético, com traços hispânicos, dormia profundamente. Ele não sabia de onde ou porque aquele rapaz lhe parecia familiar. Então com toda a "delicadeza e educação digna de um ogro", ele o sacudiu, afim de desperta-lo em busca de respostas...

Como se acordasse de um pesadelo para outro pior, o primeiro reflexo do latino assustado ao despertar, tendo como ultima lembrança três lobisomens o fazendo perder a consciência, foi pegar o dolorido braço do enorme norueguês e torce-lo, fazendo-o cair de joelhos recitando os mais obscenos palavrões que se pode pronunciar em sua língua natal. Steve passou a agir como se seu instinto de sobrevivência estivesse ligado automáticamente no máximo. Ele aproveitou o momento de fraqueza do gigante loiro e o empurrou contra o chão, tirando-o assim de seu caminho e imediatamente correu em direção a porta, apenas para ser frustrado pouco depois, ao perceber que ela estava devidamente trancada. Ainda sim ele a sacudiu e de todas as maneiras tentou coloca-la abaixo, mas percebeu que não seria tão facil. Impaciente, ele voltou-se para o rapaz caido e erguendo-o pelos colarinhos da camisa, disse imperativamente:

- Aonde está a chave?

O escandinavo de pronto o empurrou e tirou as mãos dele de sua camisa respondendo em tom ríspido:

- EU NÃO SEI

O sul americano levantou-se e deu pois passos para trás controlando a respiração arfante. Observou desconfiado o sofrimento do rapaz e sua dificuldade de se levantar sozinho. Somente após alguns segundos então pode perceber que aquele era o mesmo cara que havia se transformado no bar e não mais um dos seus sequestradores. Após o espanto de ve-lo novamente vivo, ele concluiu que o fato dele estar seriamente machucado realmente não parecia ser fingimento, principalmente depois daquela impiedosa rajada de tiros...

Steve então caminhou novamente para perto dele e lhe estendeu a mão afim de ajuda-lo, Klaus jazia estatelado no chão, gemendo pela dor agora ampliada na queda, tentando levantar-se de uma maneira que lhe causasse menos dor. Estava possesso e inconformado pelo que o rapaz havia feito. Em meio a grunhidos, ele ainda o praguejava com todo repertório de ofensas que possuía em norueguês fluente (e que fique claro que ele não é pequeno) e de cara amarrada aceitou o auxilio questionando em voz alta:

- Você é maluco! Eu "simplesmente" te acordo e ao invés de um costumeiro "bom dia" ou um "que horas são", você tenta quebrar o braço do primeiro cara que vê pela frente, esmurra a porta até sua raiva passar e depois vem com essa pinta de "Madre Tereza" tentando oferecer ajuda? qual é a sua cara?

O jovem latino tentou encontrar uma resposta que justificasse sua atitude impulsiva, mas não a entrontrou facilmente. Ele chegou até a ensaiar um pedido de desculpas, mas antes de articula-lo, sua atenção foi desviada ao perceber uma movimentação do lado de fora do galpão. Enquanto caminhou cautelosamente em direção a porta, ele limitou-se a fazer um sinal com as mãos para que ele falasse mais baixo e respondeu:

- Foi mal cara, eu te confundi com um de nossos sequestradores...

-SEQUESTRADORES? MAIS QUE PORRA DE PAPO É ESSE DE SEQUESTRADORES? TÔ VENDO QUE TÚ TEM ALGUM PARAFUSO SOLTO MESMO... PUTA MERDA, AONDE EU VIM PARAR? POR EU NUNCA ESCUTO BONS CONSELHOS E PARO DE BEBER? rebateu Klaus ainda falando alto, em um tom de deboche e totalmente incrédulo nas afirmações do seu "novo companheiro de quarto" enquanto tentava racionalizar sua situação. Enquanto isso, Steve gesticulava freneticamente para que Ollendorf ficasse quieto enquanto observava uma silhueta do que parecia ser um homem armado vindo em direção a cabana por entre uma das frestas...

- O DOIDERA, NÃO MANDA EU CALAR A BOCA NÃO, ACABO A PALHAÇADA, EU QUERO RAPAR FORA... AONDE É QUE AGENTE TÁ? QUEM É VOCÊ? E O QUE RAIOS AGENTE TA FAZENDO AQUI?


Enquanto Ollendorf fazia sua lista de exigências, Steve viu claramente um homem
grande e corpulento com uma arma em punho, que a longa distancia parecia ser um fuzil, vindo em direção ao galpão. Rapidamente ele pegou a cadeira que estava mais próxima e armou-se para embosca-lo. Ainda através de gestos ele praticamente implorou para que Klaus não fizesse nenhum barulho e o norueguês enfim consentiu contrariado, somente para ver no que aquilo iria dar ou por tentar manter um dialogo com alguem, que ao seu ponto de vista, parecia ter fugido de um manicomio. Não demorou e a tora que barrava a porta foi suspensa. E assim que ela se abriu, conforme o planejado, o sul americano pegou seu alvo de surpresa. ..

O impacto da cadeira se estilhaçando nas costas da vitima pareceu nem surtir efeito. Foi como ter atacado com um travesseiro o homem alto, gordo, de cabelo curto e desgrenhado, vestido com uma camisa marrom, calça camuflada e coturno. Tendo um fuzil de assalto em punho, ele não hesitou em atirar em uma das pernas de Steve, que imediatamente caiu se contorcendo. Sem dizer uma palavra se quer, o estranho armado escancarou a porta com raiva e fez um sinal para que Klaus se levantasse e o seguisse...

- A tá, esse sequestro, balbuciou Klaus para si próprio agora bem convencido, enquanto caminhava mancando e com as mãos para o alto em direção a porta.

O homem corpulento não parecia estar com muita paciência. Sob a mira de uma arma que deveria ser possuida apenas pelas forças armadas, Steve tentou vencer a dor e prossegir escorando-se na parede proxima a saida buscando se levantar, mas antes que conseguisse por si só, ele foi pego pelo colarinho e lançado brutalmente para o lado de fora. Foi a vez de Ollendorf oferecer auxílio (e se a situação não fosse tão perigosa, teria um poetico sorriso estampado em seu rosto durante o processo) e após isso, ambos seguiram contra vontade para a direção em que o homem ordenara, mais uma vez rumo ao desconhecido...



Nota do Autor: Na nota do post 7 do Prólogo, comentei superficialmente sobre os 5 aupícios que representam as cinco faces do Lobo Primordial e indica a responsabilidade e o dever de um urathadentro de sua matilha. Na ocasião, expliquei detalhadamente apenas sobre o Cahalith, poi notei na que seria de grande ajuda na compreensão do texto mais "surreal" até então, repleto de metáforas narrando um grande misto de realidade, vislumbres do mundo espiritual e visões do futuro. Agora que já estamos familiarizados com o visinário e com alguns termos de jogo, vantagens e desvantagens dos urathas, seria interessante para que todos compreendessem melhor todos os auspícios do jogo, para ter sempre uma noção do papel que um personagem terá em sua matilha.

Rahu - O Guerreiro - Lua Cheia (Full Moon)
A Mudança - Quando um Rahu se transforma pela primeira vez, sangue é derramado. A lua cheia queima com fúria, a face de Luna a Destruidora. Muitos Rahu têm de viver com horror de ter o sangue de pessoas que amaram em suas garras, uma lembrança terrível de sua primeira noite como lobisomem.

Renome primário - Pureza
Especialidades - Brawl, Intimidation e Survival.
Lista de Dons - Dominação, Lua Cheia e Força.

Habilidade de auspício - Olho do Guerreiro. Uma vez por sessão de jogo, um Rahu pode tentar "ler" um adversário, determinando quem é o guerreiro superior. Role Wits+Primal Urge; sucesso indica vagamente o poder de combate do alvo, enquanto que um sucesso decisivo informa mais detalhes.

Quota - "É tarde demais. Se ainda houvesse esperança para você, algum de meus amigos estaria aqui, tentado resgatar o que sobrou de sua alma condenada. Mas você não terá meus amigos - você têm a mim. Talvez você devesse fechar os olhos agora. Será mais fácil."

Elodoth - O Juiz do Equilíbrio - Meia Lua (Quarter Moon)
A Mudança - Durante a Mudança, o lobisomem pode perceber que algo em sua volta está errado, e daí pode tentar consertá-lo da melhor forma que puder. Nesse estado confuso, porém, o Elodoth não consegue explicar exatamente o que ele procura consertar ou mesmo porquê. Ele pode quebrar o asfalto e expor terra nua numa tentativa inconsciente de equilibrar as energias da natureza e da humanidade. Ele pode mudar entre a forma humana e lupina repetidamente, até finalmente estacionar na Gauru. Poucos Elodoth conseguem realmente "consertar" algo durante o delírio da Primeira Mudança, mas isto não os impede de tentar - algumas vezes às custas de pessoas desafortunadas o suficiente para estarem próximas na ocasião.

Renome primário - Honra.
Especialidades - Empathy, Investigation e Politics.
Lista de Dons - Meia Lua, Percepção e Proteção.

Habilidade de auspício - Enviado aos Espíritos. Um Elodoth recebe dois dados em qualquer teste de Empathy, Expression, Persuasion ou Politics que seja feito para negociar com espíritos. Não se aplica em testes para ameaçar ou insultar espíritos.

Quota - "Respeite sua presa. Este não é um mero conjunto de palavras. É uma lei escrita em nossos corações animais, formulada em som nas nossas bocas humanas. Nós somos melhores que lobos, porque podemos sobrepujar nossos instintos. Nós somos melhores que humanos, porque não precisamos matar sem necessidade. Então deixe a garota ir, ou vai se ver comigo."

Ithaeur - O Mestre Espiritual - Lua Crescente (Crescent Moon)
A Mudança - Para um Ithaeur, a Primeira Mudança é uma revelação, pois ele toma consciência do mundo espiritual à sua volta. Espíritos presos no mundo material podem ser atraídos a ele ou ele pode ver através da Película e testemunhar a Sombra em primeira mão. Esta pode ser uma experiência assustadora e às vezes letal. Um espírito poderoso pode notá-lo e decidir não deixar seu potencial crescer o suficiente para eventualmente ameaçar seu domínio. As coisas que um Ithaeur vê durante sua Primeira Mudança podem assombrá-lo, mas também lhe dão motivação para seguir seu auspício.

Renome primário - Sabedoria.
Especialidades - Animal Ken, Medicine e Occult.
Lista de Dons - Lua Crescente, Elemental e Moldagem.

Habilidade de auspício - Mestre de Rituais. Ithaeur compram rituais e o mérito Ritual a custo reduzido. Novos pontos do mérito Rituais X 4 em pontos de experiência. Cada ritual novo pode ser adquirido pelo seu nível em pontos de experiência.

Quota - "Não conseguem farejar, conseguem? As ruas sangram aqui, e a ferida está infectada. Temos de ser rápidos. Quebrem as lâmpadas daqueles postes. Precisamos cegar a coisa antes de eu começar."

Irraka - O Caçador - Lua Nova (New Moon)
A Mudança - Um Irraka pode ser imundado por uma fúria assassina, destruindo tudo em seu caminho, ou ele pode ser tomado pelo medo, evitando contato com qualquer um. O único ponto em comum entre os Irraka é que sua Primeira Mudança frequentemente faz aflorar um instinto de se esconder, de se mover em silêncio. O presente de Luna Encoberta é o dom da furtividade, e muitos Irraka o usam instintivamente para se proteger na noite da Mudança.

Renome primário - Esperteza.
Especialidades - Larceny, Stealth e Subterfuge.
Lista de Dons - Evasão, Lua Nova e Furtividade.

Habilidade de auspício - Senso do Rastreador. Como escoltas dos Renegados, os Irraka têm facilidade para reconhecer influência espiritual. Irrakas recebem dois dados nos testes para perceber espíritos efêmeros ou nos testes para determinar a localização de um Locus.

Quota - "Você não achou que era o único de nós na cidade, certo garoto? Parece que você não sabe muito sobre lobisomens, e não têm muito tempo para aprender. Escute. Meus amigos estão na porta."

28.1.08

Prólogo - Parte 10 - Final

Once Upon a Time in New Mexico 10/10




Com um forte chute a porta lateral veio a baixo. O som das dobradiças se rompendo e da madeira rústica tocando o solo, propagou-se pela sala assim como a corrente de vento que invadiu o ambiente. A nuvem de gás que preenchia o recinto parecia ter sido rasgada ao meio, dando lugar a um corredor de ar puro. Pego de surpresa, Steve teve tempo apenas de colocar o corpo inerte de Ollendorf novamente no chão e posicionar-se com a espingarda em riste em um lugar relativamente privilegiado atrás do balcão. O vulto de apenas um invasor apareceu sob a luz pálida da lua, a silhueta inconfundívelmente feminina, de cabelos extremamente curtos e estatura baixa, cruzou o salão com passos firmes em direção a janela quebrada. Para sua surpresa do rapaz, não era a policia que havia chegado ali, era algo muito pior...

A mulher parou por alguns instantes diante dos estilhaços de vidro procurando provavelmente o corpo inerte de seu alvo e ao não encontra-lo, sorriu sarcásticamente dizendo:


-Poderíamos brincar de "esconde esconde" a madrugada inteira, mas em poucos minutos a policia deve estar aqui... Então vamos facilitar as coisas para nós dois, vamos pular a parte dos "porques", do engalfinhamento e outros tipos de dilacerações e vamos sair daqui numa boa... Assim evitamos ferimentos desnecessários e todos ficamos felizes e satisfeitos, o que me diz?

A resposta de Steve foi uma bala bem colocada na testa da desgraçada.

Ele lembrava bem dela. A alguns dias atrás, antes de todo esse pesadelo começar. Baixa, bonita, traços indígenas, provavelmente da tribo navajo. Cabelos negros bem curtos, corpo bem definido e olhar desafiador. No inicio ele achou que ela "tava dando mole", mas ele também cogitou a hipótese de que talvez fosse apenas o excesso de confiança que o álcool produz lhe pregando uma peça. O fato era que o tempo passava e ela não tirava os olhos dele. A casa noturna estava fervendo naquela noite e desde que ele havia notado o "possível interesse" da garota, ela já tinha dispensado uns quatro rapazes de aparência considerável que tentaram alguma aproximação. Steve conversava e trocava sorrisos com outras duas garotas do seu grupo de mochileiros, mas como qualquer homem solteiro que se preze, mesmo assim ele ainda conseguia se questionar se valia a pena trocar o papo que estava dando certo, pelo risco de ser o quinto a levar um não da mulher misteriosa da mesa do canto. Havia algo no olhar dela que realmente instigava sua curiosidade e do jeito que as coisas estavam indo, ele sentia que destino parecia sorrir para ele naquela noite. Aquelas garotas iriam mesmo viajar com ele e o grupo de turistas por mais alguns dias, então ao seu entender, não faltariam oportunidades para "algo a três" até o fim de sua viagem. Já a pequena índia, ele poderia não ter o prazer de vê-la novamente. Foi ai que ele percebeu que não se perdoaria se permitisse que ela fosse embora sem pelo menos tentar trocar algumas palavras. Steve educadamente pediu licença para as simpáticas garotas dizendo que iria pegar uma bebida e assim o fez. Aproveitou " a viagem" para completar a coragem que faltava com uma dose de tequila. Acertou os botões e a gola de sua camiseta e enfim foi em direção a intrigante "Pocahontas Dark".


Com um sorriso discreto e dois drinks nas mãos ele seguiu para a mesa da garota, mas parecia ser tarde demais. Haviam três rapazes cercando a mesa de canto, mas ao contrário do que ele imaginou a princípio, ela pareceu incomodada pela presença deles e rapidamente levantou-se com um ar transtornado no rosto. Pelas feições fechadas que se seguiram, os rapazes passaram a falar mais ríspidamente com a garota e o maior deles visivelmente alterado, chegou a segurar um de seus pulsos. Imediatamente Steve partiu para tomar partido da situação. Alheio os seu destino, o sul americano apenas imaginou ser um rapaz que não aceitou bem o desprezo de uma bela garota e antes que ele pudesse se aproximar o suficiente para intervir, ela por si só conseguiu se desvencilhar e correu para o lado de fora.
Como qualquer rapaz de bem que testemunhasse tal incidente, ele a seguiu para ver se estava tudo certo ou se ela precisava de alguma ajuda. A moça estava curvada e ofegante escorada em um Chevelle 69 azul. Calmamente Steve se aproximou para tentar "consola-la", mas ao colocar delicadamente a mão em seu ombro ao invéz de um rosto abatido, coberto de lágrimas, ele se deparou com feições semi humanas, com dentes afiados e nítidos traços lupinos. Nesse mesmo instante a porta da casa noturna se abriu e os três rapazes correram em sua direção. Antes de qualquer reação por parte do sul americano de assimilar a situação como um todo, a garota cravou seus enormes dentes em seu braço arrancando-lhe sangue e enquanto ainda gritava de dor, ela inexplicavelmente tomou a forma de um lobo de pelo acinzentado e correu noite a dentro desaparecendo na escuridão estrada .

Foi exatamente ai que o pesadelo começou.


Completamente atônito pelo ocorrido ao invés de ajuda-lo, os três rapazes rapidamente o nocautearam e o colocaram no porta-malas do Chevelle azul. Steve acordou amarrado pelos pés e pulsos próximo a uma cabana de madeira longe da estrada, no meio do deserto do Novo México. Por dois intermináveis dias de sofrimento ele permaneceu assim; sob um sol escaldante, sendo alvo de diversas formas de tortura, sem dormir ou se alimentar direito. Segundo seus sequestradores, ele era especial e aquilo serviria para que ele fosse purificado e se tornasse mais forte quando chegasse a hora certa. Afirmavam que estavam forjando um "verdadeiro guerreiro com um coração completamente submisso" e para isso seu espírito deveria ser totalmente quebrado para que um dia enfim ele pudesse como eles, odiar plenamente e combater aqueles que assassinaram o "pai" deles.


Naquela situação inesperada, cativo, completamente alheio aos devaneios daqueles "lunaticos psicopatas", a única pessoa que ele realmente conseguia odiar era ele mesmo, por ser tão idiota ao ponto de se deixar cair num truque tão banal como aquele, com uma simples garota de isca. Ele poderia estar em uma cama confortável e na melhor das hipóteses, com duas belas mulheres lhe fazendo companhia, se tivesse dado mais credito aos "eventos cliches" que culminam em tragédias que os filmes de terror psicológico cansam de repetir nos cinemas. Por ingenuidade, cobiça, desejo e boas doses de burrice ao seu ponto de vista, ao contrario de todas suas piores expectativas ele estava ali, no limite de sua capacidade física e mental, longe de casa e sem perspectiva alguma de um final feliz.

No anoitecer do seu segundo dia de cativeiro ele já temia pelo pior, pois além do papo maluco de se tornar um "campeão de uma causa" e das agressões físicas constantes, eles não comentaram sequer uma vez sobre um possível resgate, acordo ou coisa parecida. Steve já perdia as esperanças de se ver novamente livre para contemplar o sol nascer de novo, temendo estar metido em algo pior do que um simples sequestro como; contrabando de orgãos, sacrifício humano para alguma seita satânica ou fetiche de um bando assassinos sádicos. Só lhe restava lamentar e torcer por um milagre. Ele implorou para que o libertassem e pediu ajuda a cada rosto diferente que via diante de si naquele local, mais era tudo em vão. Steve chegou a ver mais três homens além daqueles que o haviam capturado mas não havia visto ou ouvido a voz da desgraçada que o havia enganado. Dentro dele ardia o desejo de olhar mais uma vez nos olhos daquela vagabunda e perguntar "por que eu?" ou "o que eu fiz para merecer isso?".


Um fio de esperança nasceu com o barulho de tiros no meio da madrugada, eles pareciam se desentender entre si, "a turma" parecia estar completa desta vez, haviam uns dez ou mais brigando entre si. Homens se transformando em lobos, lobos se transformando em monstros, Parecia um sonho surreal sob a luz da meia lua. O terror tomou conta de Steve, seu coração palpitou e ele desesperadamente desejou ter forças para fugir dali. Como uma ordem seu corpo correspondeu e começou a queimar como um vulcão prestes a explodir. Ele sentiu seus ossos estralarem enquanto cresciam junto com sua carne, moldando um ser híbrido de proporções assustadoras. Ao tentar gritar para aliviar a dor que sentia, ao invés de sua voz, ele ouviu um longo e aterrorizador uivo ecoar de sua garganta. Sua visão começou a ficar turva e avermelhada, enquanto ele ia além de seus limites forçando as cordas que o prendiam e que pouco a pouco foram se afrouxando, até por fim
arrebentarem trazendo a ele novamente a plena sensação de estar livre. Um dos sequestradores ainda tentou detê-lo, gritava desesperadamente algo como: "Ele foi manchado pelo toque de Luna", mais já era tarde demais, nada poderia para-lo naquela condição, um gigantesco lobisomem de pelos negros explodindo em fúria, querendo como nunca retribuir os maus tratos, tendo agora como combustível de sua vingança o ódio mais puro e primitivo que se pode imaginar dentro de uma só pessoa...

O que veio após isso ainda é incerto em sua memória, ele acordou a quilômetros dali num hotel simples de beira de estrada. Steve ainda sentia o gosto ferroso de sangue nos lábios, enquanto tentava racionalizar tudo que havia acontecido naqueles últimos dias. O fato de estar em uma cama macia com lençóis limpos, sugeria que tudo havia sido um sonho, mas mesmo que ele quisesse não poderia se enganar a tal ponto. "Ela me infectou, passou isso pra mim, me tornou um monstro!"; era a frase que martelava constantemente seus pensamentos. Como um choque, esses devaneios o despertaram trazendo-o de volta para realidade perturbadora que ele vivia e em um só salto ele levantou-se da cama. Vestiu a muda de roupas convenientemente deixada na beirada da cama e desceu rapidamente as escadas. Foi imediatamente para local de reservas próximo a entrada e meio ofegante pela pressa, perguntou sobre sua chegada no hotel. Segundo o dono do estabelecimento, um senhor velho, com traços indígenas, ele havia sido trazido por um caminhoneiro, que disse o ter encontrado na beira da estrada e pediu para que eles não permitissem sua saída antes dele voltar com mantimentos e um médico. Tudo pareceu ficar claro depois daquela frase e ao reparar que haviam pelo menos três homens mal encarados indo em direção a porta e que certamente ajudariam o velho a cumprir sua promessa. Talvez ele estivesse ficando paranóico, mas nada tirava a certeza de Steve, de que o velho tinha algo haver com a maldita garota. O instinto de auto preservação o dominou e de uma forma como nunca antes havia fingido, ele não se permitiu transparecer o nervosismo que o tomava pela situação, nem pelo fato de que o pesadelo parecia estar londe de acabar. Ele agradeceu os cuidados, elogiou o hotel e os serviços e com um sorriso falso, mas convincente, subiu novamente rumo ao seu quarto. Steve não queria ferir ninguém inocente, então ao cruzar com a camareira em seu andar, pediu algumas cobertas e colchas a mais, alegando estar febril. Logo que ela as entregou, o sul americano pois-se a amarra-las e desceu cuidadosamente pela janela, que não ficava muito longe do chão mas mesmo assim poderia machuca-lo na queda e a partir de então, começou sua fulga...

Uma semana se passou desde então, Steve passou a caminhar sem deixar vestígios. Não procurou conhecidos, amigos ou parentes temendo que eles fossem envolvidos ou que através desse contato eles pudessem o encontrar mais facilmente. Tentou se precaver e se antecipar a cada passo de seus algozes, mas cada vez mais sentia próxima a presença deles em seu encalço. Ele já estava se conformando com o fato de estar adiando o inevitável, mas de uma coisa ele tinha certeza, quando finalmente o reencontro acontecesse, ele não se entregaria tão facilmente.


O dia havia chegado e ali estavam eles, em papéis invertidos, frente a frente outra vez, diante daquela que segundo ele havia tornado sua vida um inferno. Um dia da caça, outro do caçador pensou ele, pois o destino agora o havia colocado em uma situação de aparente vantagem que nem no melhor dos seus sonhos ele poderia imaginar.

- OUE VOCÊ QUER DE MIM? - gritou ele sentindo seu peito disparar numa avalanche de sentimentos controversos. Todo seu medo de voltar a ser fantoche na mão de um bando de sádicos gritava para que ele acabasse logo com aquilo, em contra partida, sua consciência advogava dezenas de razões para que ele não fizesse nada que pudesse vir a se arrepender depois. Ele só queria queria entender a razão de tudo aquilo, voltar a ter uma vida normal. Porque tinha de ser ele entre tantos rapazes naquela noite o infeliz escolhido pra ser amaldiçoado?. O silencio dela fingindo estar desacordada o transtornava ainda mais, por isso ele não hesitou em atirar mais uma vez entre suas costelas para que ela soubesse que ele não estava brincando...

Apenas um sorriso saiu dos lábios dela depois de se contorcer e tossir sangue. Steve então resolveu mandar sua consciência pra "puta que o pariu" e engatilhou a arma para dar cabo da garota - "quem sabe assim eu não quebro a maldição junto" - concluiu ele já
sem paciência alguma para joguinhos e não tendo absolutamente nada a perder naquela situação. Ao fazer a simples menção de puxar o gatilho, o jovem sentiu seu tórax sendo perfurado pelo que pareciam ser quatro dardos tranquilizantes. Uma onda de raiva mesclada com decepção o inundou por ter se descuidado de sua retaguarda. Ele já devia ter imaginado. Silenciosamente um outro comparsa da maldita havia entrado pela porta dos fundos e o pegara de surpresa. Sem saída, o sul americano apelou para o ultimo recurso que tinha e começou a transformar-se no monstro que "ela o havia tornado" para enfrentar o atirador, mas antes de alcança-lo, do vão da janela, um terceiro aliado surgiu, um lobo enorme e escuro que saltou sobre suas costas o fazendo cair de bruços no chão.

Novamente o barstow foi manchado de sangue. Dentes e garras afiados como facas, eram cravados em carne e ossos sem a menor misericórdia, enquanto eles rolavam pelo chão se engalfinhando violentamente. Steve lutou o quanto pode e não facilitou sequer um segundo, mas ele não estava na plenitude de suas condições devido ao combate anterior, onde deteve o pior da fúria de Klaus. Com o auxilio do atirador e da garota que levantou-se com dificuldade, os três enfim conseguiram imobiliza-lo por tempo o suficiente para que a droga fizesse efeito...

Enquanto se debatia contra seus três algozes no final de suas forças, um último pensamento inconformado pela sua derrota ecoou no resto de consciência que lhe restava; Steve então sentiu suas forças se esvaírem aos poucos, seu corpo diminuia progressivamente e já não obedecia aos seus comandos. Uma sensação de relaxamento o envolveu profundamente até que enfim tudo escureceu...



FIM DO PRÓLOGO


Nota do Autor: A visão de Steve, um rapaz normal que derrepente se viu imerso em um mundo de trevas que ele jamais imaginou existir, seus conflitos internos e deduções alheias da "verdade que está la fora" são os temas principais desse último capítulo do prólogo de nossa campanha. Parece engraçado, mais é agora que realmente a aventura começa e que os mistérios finalmente serão revelados. A cortina de incertezas se cai e tudo enfim será desmistificado tanto para nossos heróis, como para vocês leitores que terão as respostas que tanto almejam sobre a sociedade dos lobisomens no novo World of Darkness 2.0,. Aguardem...

Mas enquanto isso...

Toda ação tem uma reação proporcional e inversa, assim como tudo tem um custo nessa vida. No ultimo post falamos sobre o kuruth uma fúria poderosa, selvagem e descontrolada que se apodera dos urathas em situações de estresse intenso. Agora falaremos sobre um ponto muito importante que muitas vezes reflete a consequência desse descontrole; a Harmonia:

Lobisomens não são humanos. Apesar de terem sido criados com morais humanas, eles não acham certas éticas justificáveis. Por exemplo, mesmo antes da Primeira Mudança um lobisomem pode considerar que roubo não seja um pecado tão grave. Afinal, se o dono da propriedade não foi forte ou esperto o suficiente para protegê-la, porque então o lobisomem não deveria tomá-la? Lobisomens também formam laços muito próximos com amigos e família, protegendo-os como um lobo faria com sua matilha. O fato de que essa afeição não é sempre compartilhada – amigos e família não são lobisomens, e podem achar o jovem incoveniente e assustador – é uma fonte constante de angústia e frustração para esses filhotes.

Depois da Primeira Mudança, um lobisomem subitamente começa a ver o mundo com outros olhos. Algumas vezes, a Mudança traz liberdade. Leis e moral humana não parecem mais apropriadas. Como podem as leis humanas de não assassinar uns aos outros se aplicar a criaturas aparentemente feitas para matar? Essa filosofia também é enganosa. Um lobisomem que sucumbe totalmente ao seu lado bestial perde a habilidade de dominá-lo. De modo a manter sua sanidade e ter alguma chance de ter preciosa paz de espírito, os Uratha devem trilhar um caminho entre animal e humano, entre espírito e carne, entre instinto e razão. Este é o caminho da Harmonia.

O credo da Harmonia reforça a necessidade de obedecer às leis que os lobisomens estabeleceram, de manter a Fúria sob controle até ela ser necessária, de honrar Luna e os totens (tanto da matilha quanto da tribo) e de sempre proteger sua matilha. Os lobisomens que seguem estas leis talvez jamais encontrem paz completa, pois ela é para sempre negada aos Renegados, mas são eles que chegam mais próximo dela. Aqueles que buscam Harmonia se aproximam do equilíbrio entre suas naturezas duplas, aceitando seus instintos ferais sem perder sua razão humana. Aqueles que não buscam Harmonia são monstros, feras assassinas que contam apenas com seus poderes de transformação e Fúria. A trilha da Harmonia não é uma de paz ou tranqüilidade – é uma trilha de aceitação do lobo e do humano, do espírito e da besta.

Assim como mortais, quando um personagem lobisomem realiza um ato de grau menor ou igual ao equivalente a sua Harmonia, o jogador rola certo número de dados para verificar se o personagem obtém sucesso e se arrepende de seu ato ou se ele fracassa e não sente nada além de satisfação pelo seu feito. Caso o personagem perca um ponto de Harmonia, ele deve rolar seu novo valor neste atributo para verificar se ele recebe uma degeneração, descritas no livro World of Darkness.

Harmonia - Transgressão - Dados rolados

10 - Não mudar de forma por mais de três dias 5 DADOS
9 - Não obter sua própria comida,
carregar arma de prata 5 DADOS
8 - Desrespeitar espírito ou Uratha de posto superior 4 DADOS
7 - Passar muito tempo sozinho;
violar voto tribal 4 DADOS
6 - Acasalar com outro Uratha;
matar humano ou lobo sem motivo 3 DADOS
5 - Matar um lobisomem no calor da batalha 3 DADOS
4 - Revelar a existência dos Uratha para um humano;
usar arma de prata contra outro lobisomem 3 DADOS
3 - Torturar inimigos ou presas;
matar um lobisomem de forma intencional ou premeditadamente 2 DADOS
2 - Caçar humanos ou lobos como alimento 2 DADOS
1 - Trair matilha;
caçar lobisomens como alimento 2 DADOS



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